Projeto Algodão Sustentável (Acervo ISPN/Fellipe Abreu)

Projeto Algodão Sustentável (Acervo ISPN/Fellipe Abreu)

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Vídeos ensinam agricultores familiares sobre produção de algodão sustentável

Preparo da terra, plantio, manejo e colheita são os temas abordados nesta série que destaca a experiência bem-sucedida de 46 famílias de Minas Gerais

Quatro vídeos curtos de menos de cinco minutos ensinam agricultores familiares sobre a produção adequada de algodão sustentável. Eles são divididos por temas (preparo da terra, plantio, manejo e colheita) e dão dicas sobre espaçamento entre sementes, adubos permitidos, horário adequado de colheita e armazenamento, além de contribuir também com informações sobre plantio de consórcios que fortalecem a segurança alimentar dos agricultores e evitam pragas no algodão. Os vídeos estão disponíveis no canal de YouTube do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), realizador das peças lançadas neste mês como celebração ao 17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Dezoito comunidades de oito municípios localizados no Cerrado do noroeste de Minas Gerais, ao redor da cidade de Arinos, são protagonistas dos vídeos. Por lá, 46 famílias de agricultores familiares foram beneficiadas pelo projeto Algodão Sustentável, apoiado pelo Fundo de Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais (PPP-ECOS), com financiamento da Laudes Foundation. Com o recurso financeiro e o suporte técnico do ISPN, além da parceria com a Copabase e Central Veredas, as comunidades superaram a marca de cinco toneladas de algodão sustentável produzidas na safra de 2021, e comemoraram também a fartura dos consórcios alimentares, que garantiram prato cheio no momento de pandemia de Covid-19 que deixou tantos brasileiros em situação de insegurança alimentar.

Fartura nos quintais (Acervo ISPN/Fellipe Abreu)
Fartura nos quintais (Acervo ISPN/Fellipe Abreu)

A agricultora Andreia Frota, uma das beneficiadas pelo projeto, mostra a felicidade que é ter uma boa colheita de algodão, com fartura e diversidade no quintal. “Só da gente se alimentar sem agrotóxicos, isso já é uma bênção. Na agricultura familiar, tendo assistência, a gente consegue produzir. Nossa terra é a nossa empresa”, compartilha. Nascido na fazenda e contemplado com políticas de reforma agrária, o agricultor Gaspar Gonçalves também comemora o sucesso do projeto, vislumbrando um futuro melhor para a população do campo. “Lembro quando entrei pela primeira vez na minha terra. Foi 22 setembro de 2001 a primeira noite que dormi na minha terra, onde resido até hoje e não pretendo sair”, conta.

A produção de algodão ainda fortaleceu a tradição cultural da tecelagem e da cantoria das fiandeiras, um costume que era mantido com a busca do algodão sem agrotóxico em outras regiões já que o produto com veneno intoxica e adoece as tecelãs. Haroldo Mendes, agricultor do projeto, celebra esse resgate. “Há 40 anos, minha mãe tinha uma roda de fiar, mas passou um período que não tínhamos mais isso. Agora, com o algodão sustentável, pode aparecer novamente”, comenta com esperança.

Fiandeiras (Acervo ISPN/Fellipe Abreu)
Fiandeiras (Acervo ISPN/Fellipe Abreu)

Antonio Marcos e Anny Caroliny, ambos agentes de assistência técnica e extensão rural que estiveram à frente do sucesso do projeto do Algodão Sustentável, recomendam aos principiantes do cultivo do algodão o trabalho em uma área inicial pequena, de cerca de um hectare. Veja abaixo os principais pontos abordados nos vídeos tutoriais:

 

Preparo da terra

– Cultivo em faixas intercaladas com os consórcios de espécies alimentares;

– Variedades de algodão recomendadas: BRS 416, BRS 293 e BRS 372;

– Adubação verde: feijão de porco, feijão guandu, crotalária e mucuna preta;

– Atenção ao regime de chuvas e análise do solo;

 

Plantio

– Adubação sustentável: pó de rocha, fosfato, esterco bovino e farinha de osso;

– Sequência de plantio: gergelim, algodão e consórcio (espécie alimentar);

– Semeadura manual ou com matraca;

– Acompanhamento por diário de anotações.

 

Manejo

– Raleamento após 30 dias do plantio;

– Controle de plantas daninhas;

– Controle de pragas mais comuns;

– Produtos para evitar pragas: cal virgem, sulfato de cobre, leite cru e urina de vaca curtida.

 

Colheita

– Período de seca, sem sereno ou orvalho;

– Uso exclusivo de sacos de algodão;

– Separação do “algodão de primeira” do “algodão de segunda”;

– Armazenamento adequado;

– Período do vazio sanitário do algodão.

 

Para Jessica Pedreira, engenheira florestal, facilitadora e assessora técnica do ISPN, são os povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares os verdadeiros protetores do meio ambiente. “O modo de vida dos agricultores familiares são inspiração para o aprendizado sobre como ter um desenvolvimento justo e sustentável”, explica. “Como diz aquele ditado, se o campo não planta, a cidade não janta. A experiência do projeto do Algodão Sustentável é um caldeirão de sucesso de produção agroecológica, segurança alimentar, resgate cultural e recordação da importância das políticas de reforma agrária. Estamos falando de fortalecimento das comunidades, para que possam dialogar com o poder público”, finaliza. Para assistir aos quatro vídeos e conferir as orientações completas, além de ver também o mini-documentário de resultados do projeto, clique aqui.

Sobre ISPN

O ISPN é uma organização da sociedade civil sem fins econômicos com sede em Brasília e um escritório em Santa Inês (MA), que há mais de 30 anos atua pelo desenvolvimento com equidade social e equilíbrio ambiental, por meio do fortalecimento de meios de vida sustentáveis e mitigação às mudanças do clima. Sua principal estratégia é o Fundo PPP-ECOS, um fundo independente gerido pelo ISPN, que capta e destina recursos a projetos de organizações comunitárias de povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares que atuam pela conservação ambiental. O Instituto atua nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga, em diálogo com as comunidades locais.

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