Atividade promoveu troca de experiências sobre os territórios e definiu diretrizes de pesquisa para o avanço do trabalho
Para promover mais integração entre equipe e, principalmente, aprofundar as estratégias e ações de pesquisa, o Grupo de Trabalho (GT) de Ciências do programa ARCA (Agricultura Regenerativa para a Conservação da Amazônia) realizou o primeiro encontro dos pesquisadores das organizações envolvidas na iniciativa. O evento ocorreu no município de Bacabal, a 250 km da capital São Luís, no estado do Maranhão, entre os dias 2 e 4 de dezembro.
Organizado pelo Centro de Pesquisa Florestal Internacional e o Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (CIFOR-ICRAF), responsável pela coordenação do ARCA no Brasil, o encontro envolveu o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Instituto Socioambiental (ISA), The Nature Conservancy Brasil (TNC) e Instituto Ouro Verde (IOV). Durante três dias, representantes das organizações discutiram as principais questões de pesquisa dos projetos, definiram ações específicas, compartilharam experiências e levantaram questionamentos, além de colaborar no desenvolvimento de novas estratégias e soluções.
O ARCA tem como alguns dos propósitos possibilitar o desenvolvimento e implantação de inovações; dar escala a Sistemas Agroflorestais Biodiversos, restauração ecológica e manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade a povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e a agricultores familiares (PICTAFs). Conforme o engenheiro ambiental e Gerente de Pesquisa no Desenvolvimento do CIFOR-ICRAF, Henrique Marques, o objetivo do GT é compreender como a pesquisa pode gerar impactos na vida desses grupos.
“A proposta é discutir, analisar, entender e propor mecanismos para melhorar os meios de vida e aprimorar a geração de renda sustentável das famílias. Precisamos de dados e queremos compreender como a abordagem do desenvolvimento se dá no campo. Então, o objetivo do GT é integrar as abordagens que cada instituição promove nos seus territórios de atuação. Cada contexto e situação pedem abordagens diferentes, e precisamos dessas diferentes formas de investigação para cada grupo social e os seus contextos biofísicos”, explica Henrique Marques.

São cinco as linhas de pesquisa trabalhadas na perspectiva do ARCA: Práticas de Soluções Baseadas na Natureza (SbN); Governança e Dinâmica Territorial; Inclusão de Gênero e Juventude; Transição Agroecológica e Economia da Sociobiodiversidade. As diferentes expertises que cada uma das organizações possui são fatores que favorecem a colaboração interdisciplinar e a criação de soluções mais abrangentes e inovadoras para as questões que o GT se propõe a trabalhar, pois cada organização tem abordagens, experiências e competências distintas.
Essa distinção se manifesta nos territórios de atuação direta do Programa ARCA, que são o Nordeste e Sudeste do Pará; o Portal da Amazônia e o Alto Xingu, no Mato Grosso; e o Vale do Rio Pindaré e Gurupi, Médio Mearim e Vale do Itapecuru, no Maranhão. Todos estão localizados na parte leste do Arco do Desmatamento na Amazônia.
A coordenadora do ARCA no Maranhão pelo ISPN, a antropóloga Ana Tereza Ferreira, comenta que a integração entre as diferentes organizações contribui para visualizar cada potencialidade para o desenvolvimento do programa, a partir das linhas de pesquisa que o GT fomenta. “O ISPN tem foco na implementação prática de ações diretas nas comunidades e a integração promovida a partir do diálogo que a gente estabelece como parte do GT traz para a construção do nosso Plano de Ciências mais incremento, é uma tarefa compartilhada e robusta”, declara a coordenadora sobre os dias de imersão.
No sentido dessa construção conjunta do Plano de Ciências do ARCA, a responsável pela gestão do programa no ISA, a bióloga Beatriz Moraes Murer ressalta a importância do encontro para a discussão que guia as ações de pesquisa a partir da reflexão sobre as fortalezas individuais e pontos de convergências das organizações. “A pesquisa é essencial no contexto de levantar as informações e fazer as avaliações, mas sempre pensando como implantar isso na rotina do trabalho em campo para transformar socialmente as comunidades como é o nosso objetivo de fato”, complementa.
A engenheira ambiental e especialista de geoprocessamento na TNC, Thaciane Silva, ressalta que o resultado mais importante do encontro é o alinhamento entre os pesquisadores envolvidos na execução do ARCA nos territórios. “Com o final do nosso evento, o alinhamento deixou bem claro como podemos aplicar as perguntas de pesquisa no desenvolvimento das nossas atividades e como podemos contribuir junto com as outras organizações. Todos estamos juntos por uma causa e desenvolvemos ações similares, o alinhamento é essencial para melhorar a colaboração”, finaliza.
Visita de Campo
No último dia do encontro, o grupo de pesquisadores realizou uma visita de campo a uma das Unidades Demonstrativas do ARCA no Maranhão, implementada pelo ISPN. A propriedade familiar onde um sistema agroflorestal é melhorado com o apoio do programa está localizada no Projeto de Assentamento Monte Cristo/Marmoranda, no povoado Centro da Josina, em São Luís Gonzaga, a 250 km da capital São Luís. Na ocasião, os representantes das organizações também conheceram mais do grupo de mulheres artesãs da comunidade, o Josinas de Fibra, que produzem a partir da fibra da bananeira diversos itens, como bolsas, cadernos, acessórios e outros artigos de decoração.
O programa ARCA é fruto do acordo de cooperação firmado entre o CIFOR-ICRAF e Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Por Assessoria de Comunicação do ISPN / Ariel Rocha