Com o objetivo de debater sobre a saúde da mulher Guajajara e compartilhar saberes entre mulheres indígenas de diferentes territórios como forma de fortalecer o corpo, o espírito e a terra, aconteceu o primeiro Encontro Saúde da Mulher Indígena Guajajara na Aldeia Januária, na Terra Indígena Rio Pindaré (Maranhão), no mês de julho. O evento reuniu cerca de 80 mulheres indígenas dos povos Guajajara e Awá, além de profissionais da área da saúde, como médicos, enfermeiros e agentes de saúde, e lideranças indígenas, entre elas caciques e pajés. A ação faz parte de um conjunto de atividades dentro do Subprograma Saúde, no âmbito do Plano Básico Ambiental – Componente Indígena (PBACI), implementado pelo ISPN.
Durante os três dias, foi realizada uma programação diversa e dinâmica dentro da aldeia. Entre as atividades realizadas um painel sobre “Considerações sobre as políticas local e nacional voltadas para a Saúde da Mulher Indígena” e uma palestra com o tema “A importância do preventivo para a mulher indígena”, além de momentos de pintura corporal, danças e cantos. Outro ponto importante que esteve na pauta do encontro foi a atualização e o encaminhamento de propostas referentes à saúde da mulher para a sexta Conferência Nacional de Saúde Indígena, que acontece no mês de novembro, em Brasília – DF.

“Compreendemos que a saúde da mulher indígena deve se pautar nas suas relações e fortalecimento dentro do seu território e também no compartilhamento de saberes com outras mulheres indígenas de outros territórios. As mulheres são também guardiãs da saúde de suas famílias, nesse sentido a troca e a produção de conhecimentos entre mulheres é de fundamental importância para a prevenção de doenças e promoção de saúde em suas aldeias”, ressaltou o coordenador do Subprograma Saúde do PBACI, Carlos Lourenço.
De acordo com a coordenadora da Região Norte da Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (Amima) e secretária da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), Taynara Caragiu Guajajara, não se trata somente de encontro, mas sim de uma conexão entre mulheres indígenas. “Queremos expandir e compartilhar nossos saberes sobre a saúde da mulher indígena e como o território pode influenciar para a cura da mulher indígena. Pois, o útero da mãe terra é indígena. Ouvir as vozes das mulheres indígenas é entender que queremos uma saúde que respeite nossos corpos, nossos saberes, nossa cultura, nosso modo de vida. Estamos juntas para dialogar sobre nossa saúde e falar também da nossa existência”, enfatizou.

Ao final, o encontro chamou à atenção da necessidade de construir propostas e ações mais humanizadas e contextualizadas na saúde da mulher indígena dentro e fora dos seus territórios, respeitando seus modos de vida e suas sabedorias ancestrais, além de promover a interculturalidade com o sistema de saúde não-indígena. Entre as organizações parceiras do evento estavam a Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (Amima), a União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Sobre o PBACI – O Plano Básico Ambiental – Componente Indígena (PBACI) dos povos Awá Guajá e Guajajara das Terras Indígenas Rio Pindaré e Caru é um instrumento condicionante para o licenciamento ambiental do projeto de Expansão da Estrada de Ferro Carajás (EEFC) de responsabilidade da empresa Vale S.A, conduzido pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sendo o ISPN a organização implementadora.
Texto: Daniel Ferreira – Jornalista do ISPN
Fotos: Daniel Ferreira/ISPN e Genilson Guajajara