Castanha-da-amazônia, comunidade da Barra de São Manoel, no Amazonas. - Foto: Zig Koch/WWF

Castanha-da-amazônia, comunidade da Barra de São Manoel, no Amazonas. - Foto: Zig Koch/WWF

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Organizações da sociedade civil defendem imposto seletivo na Reforma Tributária

Com a tramitação da PEC 45 no Senado Federal, organizações da sociedade civil reuniram-se para manifestar-se em defesa de uma reforma tributária 3S: saudável, solidária e sustentável. Mais de 130 entidades lançaram nesta terça-feira (10), um manifesto direcionado aos senadores e senadoras, que expressa preocupação com o lobby de indústrias de produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente que tentam esvaziar e sabotar o imposto seletivo e pressionar por isenções e benefícios fiscais. O manifesto pode ser acessado em: https://pelacidadania.org.br/reforma-tributaria-3s/

Também conhecido como “imposto do pecado”, o imposto seletivo tem a finalidade de aumentar a tributação e desestimular o consumo de produtos que causam prejuízos à sociedade e externalidades negativas – como é o caso dos produtos do tabaco, bebidas alcoólicas, produtos ultraprocessados, agrotóxicos, combustíveis fósseis e poluentes atmosféricos, armas de fogo, revólveres, pistolas e munição. 

O manifesto também pede que as alíquotas reduzidas e tratamento fiscal favorecido seja destinado apenas aos produtos que promovam a saúde a proteção do meio ambiente, como alimentos essenciais da cesta básica, produtos da sociobiodiversidade e da agricultura familiar, bioinsumos agrícolas, produtos de higiene pessoal e medicamentos, e produtos de cuidados básicos à saúde menstrual.

O manifesto por uma reforma tributária 3S: saudável solidária e sustentável é encabeçado pela ACT Promoção da Saúde, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), OXFAM Brasil, Ação da Cidadania, Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Campanha Nacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Instituto Ethos, Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) –  e, entre as organizações signatárias estão Pastoral da Terra, Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, Greenpeace, WWF Brasil entre outras dezenas de entidades de atuação nacional e local, do campo da saúde, meio ambiente e justiça social. 

Veja abaixo a íntegra do manifesto, e na sequência, a lista completa das organizações signatárias. 

 

Manifesto da Reforma Tributária 3S para o Senado

Nós, organizações abaixo-assinadas, por meio da articulação Reforma Tributária 3S – Saudável, Solidária e Sustentável -, celebramos o avanço da Reforma Tributária no Senado Federal. Contudo, acreditamos que o texto pode ser aperfeiçoado ao inserir demandas da sociedade brasileira para que a reforma esteja mais convergente às economias do século XXI, à justiça ambiental, à necessária transição energética justa e à promoção da saúde da população.

Estamos particularmente preocupadas/os com a pressão de certos setores econômicos para garantir a manutenção de seus benefícios fiscais e atacar o Imposto Seletivo. Se o texto passar como está hoje, produtos como agrotóxicos, alimentos ultraprocessados e armas estarão constitucionalmente aptos a receber incentivos fiscais.

O Imposto Seletivo tem a finalidade de aumentar a tributação e desestimular o consumo de produtos que causam prejuízos à sociedade. Os incentivos fiscais, por sua vez, devem impulsionar a transição energética, combater a fome com comida de verdade e promover a saúde coletiva, e não pode fomentar, com alíquota reduzida, o comércio de produtos que vão na direção oposta.

Já há consenso na opinião pública sobre a necessidade do Imposto Seletivo: 94% da população brasileira é favorável ao aumento de impostos para produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, segundo Pesquisa Datafolha. O Congresso precisa responder aos anseios da população, garantindo a aprovação do Imposto Seletivo tal qual aprovado na Câmara dos Deputados, e impedindo que produtos que causem mal à saúde, ao meio ambiente e ao clima sejam favorecidos com benefícios fiscais.

Para além da questão do Imposto Seletivo, também entendemos que os recursos que serão disponibilizados pelo Fundo de Desenvolvimento Regional devem estar convergentes com o Plano de Transição Ecológica. É preciso garantir que o estímulo ao desenvolvimento regional priorize o fomento de atividades produtivas ou investimentos em infraestrutura sustentáveis e convergentes com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e com a Estratégia e Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade (EPANB).

Acreditamos ser importante o papel dos entes federados para a melhoria da governança climática e socioambiental, e por isso também defendemos que o ICMS Ecológico seja substituído pelo IBS Ecológico, já que se trata de uma política de sucesso que há 30 anos beneficia 18 UFs e milhares de municípios, especialmente os pequenos e mais distantes dos centros urbanos, com volumes expressivos de compensação ambiental.

Assim, por meio deste manifesto, pedimos aos Senadores e Senadoras que:

  • Mantenham o imposto seletivo como instrumento de desestímulo ao consumo de produtos nocivos à saúde, meio ambiente e ao clima, tais como: Agrotóxicos, Combustíveis Fósseis e Poluentes Atmosféricos, Produtos do Tabaco, Alimentos Ultraprocessados, Bebidas Alcoólicas, Armas de fogo, revólveres, pistolas e munição;
  • Incluam nas alíquotas reduzidas apenas produtos que promovam a saúde e a proteção ao meio ambiente, como: produtos da Cesta Básica Nacional de Alimentos, Alimentos essenciais à saúde humana, Produtos da Sociobiodiversidade e da Agricultura Familiar, Bioinsumos agrícolas, Produtos de higiene pessoal e medicamentos, e Produtos de cuidados básicos à saúde menstrual;
  • Fortaleçam os arranjos produtivos e a capacidade de organização social e econômica da agricultura familiar e seus equiparados por força de lei, incluindo tratamento específico para suas associações e cooperativas;
  • Garantam que os produtos alvo do imposto seletivo não possam ser beneficiados por incentivos fiscais;
  • Vinculem a arrecadação do imposto seletivo a ações e serviços públicos de saúde;
  • Substituam o atual ICMS Ecológico pelo IBS Ecológico, preservando desse modo uma política de sucesso que beneficia ações locais para a sustentabilidade;
  • Garantam que os recursos destinados ao Fundo de Desenvolvimento Regional estejam convergentes com o Plano de Transição Ecológica, com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e com a Estratégia e Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade (EPANB).


Assinam:

Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva

Ação da Cidadania

ACT Promoção da Saúde

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

IDS – Instituto Democracia e Sustentabilidade

IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil

Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

ISPN – Instituto Sociedade, População e Natureza

OCA – Observatório Castanha-da-Amazônia

ÓSocioBio – Observatório das Economias da Sociobiodiversidade

Oxfam Brasil

 

 

 

 

Lista completa dos signatários:

350.org Brasil
Ação da Cidadania
Associação AIMURIK
ACT Promoção da saúde
Aguapé Associação dos seringueiros do Vale do Guaporé
APIZ – Associação do Povo Indigena Zoró
Associação Agroextrativista e Turística da Barra do Tapajós
Associação Alternativa Terrazul
Associação Ayrumã
Associação Brasileira de Agroecologia
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
Associação Brasileira de Saúde Coletiva
Associação Comunitária da Aldeia Indígena Mayrob
Associação Comunitária dos Produtores Rurais da Comunidade do Braço
Associação das Crocheteiras de Areial
Associação de Moradores Agroextrativista de Boa Esperança
Associação de Moradores de Jatuarana
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida
Associação do Povo Indígena Rikbaktsa
Associação do Povo Jiahui
Associação dos Celíacos do Espírito Santo
Associação dos Extrativistas Rio Iriri Maribel
Associação dos Mines e Pequenos Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade de Repartimento dos Pilões
Associação dos Moradores Agroextrativista da Resex Guariba Roosevelt/Rio Roosevelt
Associação dos Moradores Agroextrativista das Comunidades de São Raimundo Pedra Branca Cafezal Recreio e Panamá da Região do Parú
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Arioca Pruanã
Associação dos Moradores e Produtores Agroextrativista da Flona Tefé e Entorno
Associação dos Povos Indígenas do Mapuera
Associação dos Povos Indígenas Wai Wai Xaary
Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus da Vila Limeira – APAVIL
Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama – ASPAC 
Associação dos Produtores e Beneficiadores Agroextrativistas de Beruri
Associação dos Produtores e Beneficiadores de Castanha do Município de Amatura
Associação dos Servidores do MPDFT (Asmip)
Associação dos Trabalhadores Rurais de juruá
Associação dos Witotos do Alto Solimões
Associação Indígena Kawaiwete
Associação Indígena Pykore
Associação Indígena Zavidjaj Djiguhr
Associação Indígenas rikbaktsa TSIRIK
Associação Metareilá do povo indigena Paiter Surui
Associação Mico-Leão-Dourado
Associação Mista Agrícola Extrativista da Comunidade Jaramacaru e Região
Associação Quilombola e Extrativista da Comunidade Vila de Joana Peres
Associação São Luiz ll
Associação Tururukari-uka dos índios kambeba
Associados de Silves Pela Preservação Ambiental e Cultural
BaY Cooperativa Kayapó de Produtos da Floresta
Caapora Bem Viver – Estação urbana de Permacultura
Capricol Cooperativa de Produtores de Caprinos e Ovinos do Cariri Oriental LTDA
CEDENPA – Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará
Centro Afro de Promoção e Defesa da Vida padre Ezequiel Rami
Centro Cultural Indígena Paiter Wagoh Pakob
Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária- CEAPAC
Centro de Defesa e Educação Ambiental
Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo
Centro Espiritual Pachamama
Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade
Coalizão Não Fracking Brasil
Comer pra quê?
Comissão Pastoral da Terra 
Conselho Geral do Povo Hixkaryana
Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS
Cooperativa Agroextrativista do Mapia e Médio Purus
Cooperativa de Extrativismo da Comunidade do Urubutinga
Cooperativa de Produção do Povo Indígena Zoró
Cooperativa de Trabalho em Economia Solidária de Catadores de Materiais Recicláveis do Território Lagoas do Norte
Cooperativa dos Beneficiadores de Produto Agroextrativista do Município de Amaturá 
Cooperativa Mista Agroextrativista Sardinha
Cooperativa Mista de Trabalho Casa do Cerrado
Cooperativa Mista dos Assentados Agricultores Familiares do Noroeste de Minas
Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo
Federação das Comunidades Tradicionais Flona Tapajós
Federação Unicafes Bahia
Força Ação e Defesa Ambiental
Fórum Estadual de Economia Solidária de Sergipe
FórumDCNTs – Fórum Intersetorial para Combate às DCNTs no Brasil
Gazetinha da Guanabara
Gestos (Soropositividade, Comunicação e Gênero)
Greenpeace Brasil
Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde
Grupo de Pesquisa Nutrição e Pobreza, Instituto de Estudos Avançados – IEA-USP
Grupo de Trabalho Amazônico
Ibfan BR Rede em Defesa do Direito de Amamentar
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec
Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade
Instituto Biorregional do Cerrado
Instituto EcoVida
Instituto Eqüit
Instituto Esperancita
Instituto Federal do Maranhão
Instituto Internacional Arayara
Instituto Juruá
Instituto Krehawa
Instituto Munduruku
Instituto Socioambiental
Instituto Terroá
Instituto Vida e Luz
Laboratório de Educação Alimentar e Nutricional (LEAN)
Laboratório de Vida Ativa
Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
Unicopas
MOVIECO – Movimento Ecológico
Movimento Paulo Jakson por Justiça e Democracias
Movimento pela Saúde dos Povos/Brasil
Movimento SOS Chapada dos Veadeiros
Movimento Todos Juntos Contra o Câncer
Núcleo de Estudos em Agroecologia do Instituto Federal Goiano – Campus Avançado Hidrolândia
Núcleo do Pequi e Outros Frutos do Cerrado
Observatório de Justiça e Conservação
Observatório do Carvão Mineral
Observatório do Petróleo e Gás
Organização dos Povos Indígenas do Alto Madeira – OPIAM 
Organização dos Seringueiros de Rondônia
Pacto das Águas
Rede de Agroecologia e Agricultura Familiar de Bom Despacho e Região
Rede Fé, Paz e Clima
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lábrea
Sítio Monte Coruscante
União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes RS)
Unicatadores
WWF-Brasil
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