Estudo analisou o uso da terra em 399 territórios tradicionais de 111 municípios em 11 estados, cruzando os dados com a série histórica do MapBiomas (1985–2024).

Estudo analisou o uso da terra em 399 territórios tradicionais de 111 municípios em 11 estados, cruzando os dados com a série histórica do MapBiomas (1985–2024).

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Novo relatório do Tô no Mapa revela que territórios tradicionais preservam até 80% de vegetação nativa, mesmo sob pressão externa de desmatamento

Uso da terra por povos e comunidades tradicionais reforça papel desses territórios na conservação dos biomas

Os territórios ocupados por Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) e Agricultores Familiares desempenham um papel essencial para a conservação ambiental no Brasil. É o que reforça o 6º Relatório de Povoamento do Tô no Mapa, lançado pela iniciativa que apoia, desde 2020, a autodeclaração territorial dessas comunidades por meio de aplicativo gratuito.

O estudo teve como foco o uso da terra nas comunidades tradicionais e analisou 399 territórios tradicionais, distribuídos em 111 municípios de 11 estados diferentes, cruzando essas informações com a série histórica da iniciativa MapBiomas, que abrange dados do período de 1985 a 2024.

O levantamento inédito mostra que os territórios tradicionais autodeclarados preservam, em média, 80% de vegetação nativa, enquanto as áreas ao redor apresentam um índice de cerca de 65%. Entre 2023 e 2024, o desmatamento dentro dos territórios automapeados foi 16 vezes menor do que em seu entorno.

Esses resultados revelam que os territórios tradicionais atuam como “barreiras vivas” contra a degradação ambiental, especialmente em biomas sob forte pressão, como o Cerrado, que registrou os maiores índices de desmatamento do país nos últimos dois anos.

“O modo de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais conserva os territórios e os territórios conservados viabilizam o modo de vida, em uma relação cuja permanência é essencial para um equilíbrio ambiental que beneficia a sociedade como um todo”, destaca o coordenador executivo da iniciativa Tô No Mapa e assessor técnico do ISPN, André Moraes.

Territórios tradicionais preservam cerca de 80% da vegetação nativa, bem acima das áreas vizinhas, e tiveram 16 vezes menos desmate entre 2023 e 2024.

Principais destaques do relatório:

  • 1,3 milhão de hectares já automapeados no aplicativo Tô No Mapa.
  • 80% de vegetação nativa preservada dentro dos territórios.
  • 4 dos 6 biomas brasileiros já possuem comunidades mapeadas.
  • 19 segmentos de PCTs representados no aplicativo Tô no Mapa (como quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, indígenas, entre outros).
  • Maranhão lidera em número de comunidades cadastradas (231).

 

O cruzamento dos dados do Tô no Mapa com informações sobre uso do solo, como as geradas pelo MapBiomas, representa um avanço significativo para o reconhecimento dos territórios de Povos, Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares. A tecnologia aliada aos conhecimentos tradicionais permite identificar sobreposições com atividades como desmatamento, expansão agrícola, mineração e infraestrutura, fornecendo subsídios para políticas públicas e processos de regularização fundiária.

A iniciativa também tem integração com a Plataforma de Territórios Tradicionais (PTT), coordenada pelo Ministério Público Federal (MPF) e Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), fortalecendo a defesa dos direitos territoriais.

O Tô No Mapa é uma realização do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), do Instituto Cerrados, da Rede Cerrado, com apoio financeiro da Climate and Land Use Alliance (CLUA), da Good Energies Foundation, da Ecosia e do DANIDA. A ferramenta é gratuita, acessível e construída a partir do diálogo direto com as comunidades.

O relatório completo está disponível em: https://tonomapa.org.br/ 

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