Neste mês de março, voltado às mulheres, as indígenas dão exemplo da importância da terra e da plantação não só para a alimentação da família, mas também para a organização, empoderamento e geração de renda delas. A experiência vem de grupos de mulheres do povo Guajajara, da Terra Indígena Rio Pindaré, no Vale do Pindaré (Maranhão) com o cultivo de quintais produtivos em suas aldeias.
A iniciativa envolve cerca de 40 indígenas nas atividades dos quintais produtivos nas aldeias Tabocal, Areião, Januária e Alto do Angelim. Os quintais produtivos são espaços de produção agrícola ao redor de casa a partir da horticultura e da criação de galinhas caipiras, desenvolvidas de forma coletiva pelo Grupo de Conselheiras Wiriri Kuzá Wá da Terra Indígena Rio Pindaré.
A área de produção envolve aproximadamente 10 hectares nas aldeias, onde é cultivado hortaliças como cebolinha, coentro, vinagreira, quiabo, pimenta de cheiro, couve e tomates e olerículas (folhas e raízes), além de melancia, maxixe e abóbora. Ainda são produzidas algumas plantas medicinais como hortelã, alfavaca, capim limão e erva cidreira.
A criação de aves caipira é feita em pequenos espaços cobertos para a produção de carne e ovos, que são utilizados na alimentação das famílias como também na venda do excedente. As mulheres também têm participado dos programas de comercialização institucional de produção, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no município de Bom Jardim, também localizado no Vale do Pindaré (MA).
De acordo com o engenheiro agrônomo e assessor técnico do ISPN, Francisco Junior, o envolvimento das mulheres indígenas têm trazido grandes resultados para elas, suas famílias e seus territórios. “Para além da garantia da segurança alimentar, elas são responsáveis pelo cuidado da terra e do plantio ao redor de casa, através dos quintais produtivos, promovendo seu próprio protagonismo, autonomia e empoderamento econômico também”, explicou.
A quantidade de aves produzida pelo grupo de mulheres chega a 500 aves caipiras por semestre, gerando uma média de 30 ovos diários. Já a produção de hortaliças alterna de acordo com a cultura, sendo que na última colheita foram produzidos 180 maços de coentro e cebolinha (cheiro verde), 20 kg de pimenta de cheiro, 50 kg de maxixe, 30 kg de quiabo, e 50 maços de vinagreira. Parte da produção foi comercializada nos programas PAA e PNAE, como também dentro das próprias aldeias.

A coordenadora de um dos grupos de mulheres, Benedita Guajajara, da Aldeia Tabocal, ressalta com muito orgulho sobre a experiência. “A gente tem muita satisfação em falar que nos alimentamos do que plantamos. Queremos que nossos filhos se inspirem nisso. Nós temos nosso olhar e afeto para a mãe terra; é dela que tiramos tudo do que há de mais precioso para viver aqui, nos nossos territórios, pertinho de casa. E, a sementinha que o ISPN vem ajudando a comunidade plantar e cultivar, tem dado resultados”, enfatizou a indígena.
“A gente vê o protagonismo das mulheres indígenas, envolvidas nas atividades produtivas a partir da organização e da participação em grupos, desde às reuniões até colocar mão na massa, plantando, cultivando e colhendo ao redor de casa”, declarou a coordenadora do IPSN no Maranhão, Ruthiane Pereira.
As atividades dos quintais produtivos são acompanhadas e assessoradas pelo ISPN, através do Plano Básico Ambiental – Componente Indígena (PBACI), dos povos Awá Guajá e Guajajara das Terras Indígenas Caru e Rio Pindaré, do licenciamento ambiental do projeto de Expansão da Estrada de Ferro Carajás (EEFC) de responsabilidade da Vale S.A pela FUNAI e com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

NA MÍDIA – Esta experiência foi pauta do programa Mirante Rural da TV Mirante (Afiliada da Rede Globo) no Maranhão. Para conferir a matéria clique aqui!