O Conselho Gestor do Mosaico Gurupi vai se reunir nos próximos dias 13 a 15 de outubro de 2021 para fortalecer estratégias de gestão ambiental e territorial integrada e participativa a partir da visão dos povos indígenas, das populações tradicionais e dos demais atores que conformam este importante conjunto de áreas protegidas, fundamental para a proteção da sociobiodiversidade no Maranhão e no leste do Pará. O evento será em Santa Inês (MA) e reunirá, além dos (as) conselheiros (as), diversos (as) aliados (as) que contribuem para a existência e a manutenção do Mosaico Gurupi. A concepção da pauta e organização do evento envolveu todo o Conselho e sua Secretaria Executiva, atualmente exercida pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). A reunião conta com apoio do Projeto Paisagens Indígenas, fruto da parceria do ISPN com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e o Instituto Nupef. O projeto tem apoio financeiro da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad) por meio da Iniciativa Internacional Climática e Florestal da Noruega (NICFI).
Reunião presencial e virtual seguindo protocolo de segurança
Esta, que será a 4a Reunião do Conselho Gestor do Mosaico Gurupi, se dará de forma “híbrida”, com participantes reunidos presencialmente e outros virtualmente via plataforma online. Para as participações presenciais foi elaborado um rigoroso protocolo de segurança sanitária, que tem como principal objetivo assegurar todos os cuidados contra o Coronavírus. Conforme o protocolo, os participantes deverão se submeter a testes de PCR, na chegada e na saída do evento; comprovar a completa vacinação (duas doses ou dose única); e ainda fazer uso de máscaras e álcool em gel durante todo o período do evento. A reunião será realizada em espaço com boa ventilação natural e amplitude o que vai facilitar o distanciamento social entre os participantes.
Os temas debatidos terão como foco a construção do regimento interno do Conselho; a apresentação da agenda de trabalho do projeto Paisagens Indígenas para o Mosaico Gurupi; as articulações para criação de RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) visando formar corredores ecológicos no território; as brigadas voluntárias indígenas; e a agenda socioambiental climática no Estado do Pará. Haverá ainda apresentações de trabalhos científicos e acadêmicos desenvolvidos no âmbito do Mosaico Gurupi, tais como o resultado prévio do monitoramento via armadilhas fotográficas da vida selvagem na Reserva Biológica Gurupi e a pesquisa de mestrado que tem como título a Definição de Áreas Prioritárias para Restauração, sob a perspectiva das populações indígenas que habitam o Mosaico Gurupi. A metodologia da reunião vai envolver debates dos temas nos Grupos de Trabalho (GTs) e apresentações dos resultados das discussões em plenária.
Saiba mais sobre o Mosaico Gurupi e o seu Conselho Gestor
O Mosaico Gurupi é um território de ampla sociobiodiversidade que forma um importante corredor etnoambiental, cuja área de influência abrange cerca de 46,4 mil km² de extensão no estado do Maranhão e leste do Pará. É formado pela Reserva Biológica do Gurupi (ReBio Gurupi) e pelas Terras Indígenas: Alto Turiaçu, Awá, Caru, Rio Pindaré, Araribóia e Alto Rio Guamá (no Pará), dos povos Guajajara, Awa-Guajá, Ka’apor e Tembé. Este território também conta com grupos indígenas em isolamento voluntário. A presença e a ocupação milenar dos povos nesta região são as responsáveis diretas pela sua conservação, pois os modos de vida tradicional indígena são pautados no uso dos recursos naturais de forma sustentável. Por isso, este território abriga uma rica flora, fauna terrestre e aquática, com 46 espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, dentre elas a onça pintada. No estado do Maranhão, o Mosaico Gurupi abriga a maior área de Floresta Amazônica conservada. No entanto, essa mesma área é uma das mais ameaçadas pela pressão do desmatamento causado principalmente por invasores em busca de madeira ou caça clandestina.
A fim de amenizar essas questões e garantir o bem-estar das populações e a manutenção da biodiversidade nesta região, povos indígenas, populações tradicionais e instituições vêm se articulando há anos para traçar estratégias de gestão territorial integrada e participativa. A articulação ganhou corpo em 2014 quando lideranças indígenas e a Unidade Gestora da ReBio Gurupi, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), lutaram pela criação do Mosaico Gurupi, com apoio do Projeto Arpa. A iniciativa foi agregando novos atores o que possibilitou conformar a sua principal estrutura de governança: o Conselho Gestor do Mosaico Gurupi. A instância é formada por representantes indígenas (Associação Maynumy da Terra Indígena Rio Pindaré, Associação Wirazu da Terra Indígena Caru, Associação Ka’apor Ta Hury, Coordenação de Comissão de Caciques e Lideranças Indígenas da Terra Indígena Araribóia-Ccocalitia, e representantes do Povo Indígena Awá); por representantes da sociedade civil (Associação Bom Jesus- representando as comunidades em interface com a ReBio Gurupi e Conselho Indigenista Missionário-Cimi); representantes da academia (Universidade Federal do Maranhão-UFMA, Instituto Federal de Educação do Maranhão-IFMA, Universidade Estadual do Maranhão-UEMA e Museu Paraense Emílio Goeldi); e representantes de governos estaduais e federal (ICMBio, Fundação Nacional do Índio-Funai, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-Ibama, Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão-SEMA/MA, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará SEMAS/PA, Secretaria dos Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão-SEDIHPOP/MA, Polícia Federal e Batalhão da Polícia Ambiental).
Internamente, o Conselho se organiza por meio da sua Secretaria Executiva que tem a função de assessorar, gerenciar informações e administrar o seu funcionamento. Por meio dos GTs (Grupos de Trabalho), o Conselho direciona as temáticas elencadas como prioritárias, tais como: proteção territorial, conservação e restauração ambiental e o fortalecimento das culturas indígenas. Os GTs também ajudam a fomentar o diálogo e aproximação entre os conselheiros e suas instituições que representam a partir de temas que lhes são comuns. Dessa forma, os atores dessa instância se mantêm articulados e mobilizados para lutar por desafios maiores relativos à gestão ambiental e territorial do conjunto de áreas protegidas e à difusão da importância do Mosaico Gurupi dentro das suas comunidades e no seu entorno.
Serviço:
O que? Realização da 4a Reunião do Conselho Gestor do Mosaico Gurupi
Objetivo: Fortalecer estratégias de gestão ambiental e territorial integrada e participativa
Onde? Santa Inês-MA
Quando? 13 a 15 de outubro de 2021
Contatos para assessoria de imprensa: Andreza Andrade – [email protected] / Daniel Ferreira – [email protected]