
Ação significa importante passo para trazer mais investimentos para iniciativas de conservação do Bioma e pautar sua importância no cenário internacional.
Mesmo com significativa relevância econômica, ambiental e social para o Brasil e o mundo, o Cerrado fica à margem de investimentos estratégicos para sua conservação e restauração na agenda internacional. Os mecanismos atuais funcionam de maneira isolada, além de serem de difícil acesso aos povos e comunidades do Bioma, protagonistas na conservação da savana brasileira. Nesse sentido, o ISPN e organizações parceiras apresentaram, junto à União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), uma Moção propondo maior integração, destaque e atenção ao bioma Cerrado, na agenda política e nos investimentos da Cooperação Internacional e Fundos Ambientais Globais.
A Moção foi aprovada no último dia 04, em processo de votação eletrônica no Congresso Mundial de Conservação e agora se torna uma Resolução da UICN. O documento reconhece os direitos e o protagonismo dos povos e comunidades tradicionais na defesa e conservação da savana brasileira. Segundo o texto, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, dentre outros povos, lidam com os recursos naturais de maneira sustentável, contribuindo para promoção de paisagens produtivas ecossociais, ou seja, para a manutenção dos ecossistemas do Cerrado vivo e produtivo.
Da mesma maneira, o documento orienta para que sejam desenvolvidos e implementados mecanismos de incentivo e políticas públicas que promovam os sistemas agrícolas tradicionais, os produtos da sociobiodiversidade e outros meios de vida sustentáveis dessas populações e agricultores familiares.
O documento também destaca a necessidade em se pautar fundos globais de meio ambiente e clima, as agências de cooperação internacional e outros mecanismos públicos e privados para fortalecer e investir em iniciativas de defesa do Bioma e seus povos. Para o assessor em políticas públicas do ISPN, Guilherme Eidt, “a aprovação da Moção abre um campo de ação futura junto a formuladores de políticas, gestores públicos e setor privado para, em efetivo, incluir os ecossistemas não-florestais, como o Cerrado, nos compromissos de conservação da biodiversidade, regulação do clima e restauração da vegetação nativa”.
Eidt também comenta a importância em ampliar a visibilidade do Cerrado em escala mundial, sendo necessário cooperação entre os diferentes atores que atuam pelo equilíbrio climático global. “É importante levar adiante uma estratégia de comunicação e abordagem institucional entre as redes e organizações da comunidade internacional para ampliar o reconhecimento do valor do Cerrado ligado às agendas da biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas”, pontua.