O evento foi mais um importante passo para a consolidação da Alianza, com discussões sobre estratégias para fortalecer a colaboração, aumentar a visibilidade de iniciativas sustentáveis e sensibilizar o campo da filantropia para ampliar o acesso a recursos, essenciais para promover a transformação social e ambiental nos países do Sul Global.
Entre os dias 11 e 14 de agosto, Maputo, em Moçambique, foi palco do encontro anual da Alianza Socioambiental Fondos del Sur, uma rede que reúne 15 instituições dedicadas ao fortalecimento de comunidades locais e à proteção do meio ambiente, através da filantropia comunitária. Composta por fundos independentes de países da América Latina, África e Ásia, a Alianza é uma iniciativa pioneira que promove a justiça social e ambiental, fortalecendo as comunidades do Sul Global.
A rede, que se destaca por sua abordagem colaborativa Sul-Sul, é formada por organizações comprometidas em fornecer subvenções e outros tipos de apoio a organizações locais que desenvolvem soluções justas e sustentáveis para proteger os direitos das comunidades e os ecossistemas nos quais vivem.
O encontro em Maputo foi mais um importante passo para a consolidação da Alianza. Ao longo do evento, os participantes debateram maneiras de intensificar a cooperação, melhorar a visibilidade de suas ações e expandir o acesso a recursos fundamentais para suas ações.
O Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), integrante dessa articulação desde 2023, contribuiu com a experiência de 30 anos em filantropia comunitária, especialmente em projetos ecossociais voltados para povos indígenas e povos e comunidades tradicionais no Brasil. A diretora superintendente do ISPN, Cristiane Azevedo, esteve presente e destacou a importância da troca de experiências e do aprendizado mútuo proporcionado pelo evento.
“Foi extremamente gratificante participar dessa reunião, ao lado de pessoas solidárias e comprometidas, que buscam ampliar as vozes dessas comunidades e fortalecer suas soluções, iniciativas e modos de vida sustentáveis”, afirmou Azevedo.
No Brasil, além do ISPN, o Fundo Casa Socioambiental também faz parte da Alianza.
Visita à iniciativas apoiadas pelo Fundo Tindzila
Uma das atividades do encontro foi a visita de campo para conhecer algumas das soluções sustentáveis, apoiadas pelo Fundo Tindzila de Moçambique, que apoia projetos comunitários sustentáveis no país e é integrante da Alianza. A diretora do ISPN, Cristiane Azevedo, relatou a experiência:
“Conhecemos uma propriedade rural, administrada por Carla, que conduz uma série de projetos inovadores e sustentáveis. O local é um verdadeiro mosaico de iniciativas, desde a produção agrícola até a criação de animais e peixes, passando por tecnologias de captação de água e desidratação de alimentos”, comentou.
Além de ser um exemplo de práticas sustentáveis, a propriedade funciona como um centro de intercâmbio de conhecimentos, onde técnicas e saberes são compartilhados e replicados em outros territórios. A visita ressaltou a importância da colaboração entre os diferentes fundos e organizações presentes, proporcionando valiosos momentos de troca de experiências que fortalecem as estratégias de atuação das comunidades.
Desafios e oportunidades
Os desafios enfrentados pelos membros da Alianza são complexos. A vulnerabilidade das comunidades locais e a perseguição de lideranças somam-se aos requisitos rígidos de alguns financiadores, o que dificulta a obtenção ágil de recursos, limitando o potencial dos projetos. No entanto, os membros da Alianza estão empenhados em buscar soluções conjuntas para superar esses obstáculos. Ao compartilhar conhecimentos e experiências, os membros podem aprimorar suas capacidades e aumentar seu impacto.
” Essa rede também desempenha um papel fundamental na sensibilização do ecossistema filantrópico para que recursos financeiros possam ser acessados em escala e haja mais confiança e investimentos em causas socioambientais, com a valorização do protagonismo comunitário”, comentou Juliana Tinoco, Coordenadora Executiva da Alianza Socioambiental Fondos del Sur.
“Trilhando nesse caminho da filantropia comunitária, trabalhamos para direcionar recursos adequados às realidades locais dessas comunidades. Em colaboração com a Alianza, fortalecemos o Sul Global e as comunidades guardiãs das florestas e da biodiversidade do nosso planeta”, concluiu Cristiane Azevedo.
Filantropia Comunitária: Uma Estratégia Transformadora
A filantropia comunitária é uma ferramenta essencial para promover o desenvolvimento sustentável e a justiça social. Ao investir nas capacidades e no empoderamento das comunidades locais, essa abordagem garante que as próprias comunidades estejam no centro das decisões que impactam suas vidas. O ISPN, com 30 anos de atuação nesse campo, segue comprometido com essas práticas, apoiando projetos de povos indígenas e comunidades locais no Brasil.
Desde 2019, o Instituto também integra a Rede Comuá, uma articulação brasileira que reúne diversas organizações da sociedade civil dedicadas à filantropia comunitária. Nesse espaço seus membros discutem e colaboram para processos de transformação social comunitária, ações de incidência e busca de ampliação dos financiamentos para iniciativas que promovem a justiça social e a conservação do meio ambiente.
Texto por: Andreza Andrade / Assessoria de Comunicação do ISPN