O Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) estará presente na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (PA). O ISPN terá uma participação robusta, com atuação direta em painéis, moderação de debates e atividades colaborativas de apoio a lideranças comunitárias de todo o Brasil.
A presença do Instituto na COP30 será guiada por quatro eixos temáticos que compõem a narrativa institucional no evento: Cerrado, Coração das Águas; Financiamento Climático; Sociobioeconomia; e Comunidades Locais na UNFCCC e o protagonismo indígena na agenda climática. Esses eixos se interligam por um mesmo princípio: proteção dos biomas, articulação com organizações de base e o fortalecimento do protagonismo comunitário nas discussões globais sobre clima e biodiversidade e que tem forte impacto local.
Cerrado, Coração das Águas
Reconhecido como o “berço das águas”, o Cerrado, bioma que ocupa 23,3% do território nacional, é ponto central da agenda do ISPN na COP30. O bioma abriga as nascentes de oito das doze grandes bacias hidrográficas do país e é responsável por cerca de 40% da água potável brasileira. No entanto, enfrenta crescentes ameaças por conta do desmatamento e da expansão do agronegócio.
Com a narrativa “O Cerrado é o coração que pulsa água para todo o Brasil. Não deixe parar de pulsar!”, o ISPN e seus parceiros vão promover uma série de atividades que reforçam o papel estratégico do bioma no enfrentamento às mudanças climáticas. Dessa forma, reforçando a ideia de que a discussão em torno do Cerrado precisa ter a mesma importância política que a Amazônia nos debates da COP30.
Entre os destaques da programação estão o painel na COP DO POVO: Combating deforestation and promoting territorial justice – Cerrado em Pé: Como o agronegócio ameaça comunidades e como usar instrumentos legais para resistir, no dia 11 de novembro. Participam CCCA, ISPN, Earthsight, DUH, CNPCT, Quilombo Cedro e Rede Cerrado.
No dia 13 de novembro, tem lugar o Diálogo Cerrado e Amazônia, conectados pela água”, na Casa Balaio, com Instituto Cerrados, Ambiental Media e IPAM. No dia 14, a discussão é sobre Financiamento para Comunidades a partir de Soluções e Experiências Locais das Savanas e do Pantanal com Impacto Global, com moderação do ISPN representado por Isabel Figueiredo. E o evento “Mulheres do Cerrado: guardiãs do coração das águas do Brasil”, no dia 20.
A equipe também participará de debates em pavilhões oficiais da ONU, como o WWF Panda Hub e o Capacity-building Hub, além de ações culturais com destaque para o Bloco do Cerrado na Marcha dos Povos, no dia 15. E exibição de filmes na Casa BNDES, seguida de debate, na noite após a Marcha.

Financiamento para a justiça socioambiental e climática
O ISPN defende que o financiamento justo e acessível é uma das chaves para reduzir desigualdades e fortalecer as soluções locais para o alcance da justiça socioambiental e climática. As atividades deste eixo estarão relacionadas ao Fundo Ecos, mecanismo financeiro independente do ISPN, e abordarão estratégias para garantir a chegada de financiamento climático nos territórios, fazendo com que os recursos cheguem em escala e de forma adequada a povos indígenas, comunidades tradicionais, agricultores familiares para fortalecer seus territórios e suas iniciativas locais sustentáveis, promovendo, assim, a justiça socioambiental e climática a essas populações que estão na linha de frente da conservação da natureza e contribuem diretamente para a regulação do clima e a proteção da sociobiodiversidade.
O mecanismo financeiro de apoio a iniciativas comunitárias, o SGP (Small Grants Program) do Fundo Global do Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), foi criado na Eco 92. Após a sua formalização, o ISPN foi o implementador nacional do Fundo, por meio do Fundo Ecos.
Entre os destaques da agenda estão o painel “Destravando Caminhos: Arranjos para Aterrissar o Financiamento Climático em Escala nos Territórios” (12/11), moderado por Rodrigo Noleto, e as mesas “O que acontece quando o recurso chega nos territórios?” (17/11), com participação de Cristiane Azevedo, diretora superintendente do ISPN. “Construindo uma transição ecológica justa: financiamento de iniciativas de agroecologia lideradas por trabalhadores e comunidades locais” (18/11), com participação de Terena Peres e “Fundos comunitários e para comunidades: em defesa do clima, da biodiversidade e do bem-viver” (15/11), com participação de João Guilherme Cruz, em parceria com APIB, Apoinme e Rede de Fundos Comunitários da Amazônia

Sociobioeconomia
Com foco na valorização de cadeias produtivas sustentáveis e na inserção de produtos da sociobiodiversidade no mercado alimentar, o ISPN levará à COP30 o debate sobre o fortalecimento das economias locais. Eixo importante porque tem como base integrar a conservação da natureza com o desenvolvimento socioeconômico, valorizando o conhecimento ancestral e os recursos da biodiversidade para gerar renda e melhorar a qualidade de vida das populações de forma sustentável.
A programação inclui eventos no Food, Roots and Routes Pavilion (17/11) e o painel “Sociobioeconomia em Movimento: Fortalecendo Economias da Floresta e do Cerrado com Povos e Comunidades Tradicionais” (19/11). As discussões serão conduzidas por João Cerqueira, Silvana Bastos e Guilherme Eidt, com foco na construção de alternativas econômicas baseadas na floresta em pé.

Comunidades Locais na UNFCCC e o protagonismo indígena na agenda climática
O ISPN também participará das discussões da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas (LCIPP), instância da ONU voltada ao reconhecimento dos direitos e saberes tradicionais dentro da Convenção do Clima.
O Instituto estará representado por Guilherme Eidt, que integra as reuniões da plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas (LCIPP) de 04 a 11 de novembro e também participa do painel “Las comunidades locales y su articulación a nivel global como sujetos de derechos” no dia 11 de novembro na Zona Azul da COP30. Participação da Red Mexicana de Organizaciones Campesinas Forestales A.C. (RED MOCAF), Asociacion de Foresteria Comunitaria de Guatemala Utz Che’ (Asociación Utz Che’) and Institute Society, Population and Nature (ISPN).
O ISPN também promoverá debates em torno das estratégias de gestão ambiental e territorial acionadas por povos indígenas para seus territórios, bem como suas articulações junto a outras áreas protegidas com objetivo de proteção e conservação da biodiversidade e enfrentamento às mudanças do clima. Destaque para a mesa “Mosaicos e Territórios vivos: gestão integrada de áreas protegidas e o protagonismo de povos indígenas e tradicionais”, no dia 14 de novembro na Casa do IEB na COP30, Teia da Gente. A mesa contará com a parceria da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Rede de Mosaicos de Áreas Protegidas (REMAP) e Museu Paraense Emílio Goeldi e será conduzida por João Guilherme Nunes Cruz, Coordenador do Programa Povos Indígenas do ISPN e Márcia Ever, da equipe de articulação política do Instituto.
Protagonismo comunitário e voz dos territórios
Durante os dez dias da conferência, o ISPN reforçará em suas ações de comunicação o papel das comunidades locais na luta climática. As lideranças acompanhadas pela instituição terão espaço para compartilhar experiências e soluções territoriais, reafirmando que a justiça climática começa nos territórios e que as soluções estão baseadas no respeito à natureza.
“Nossa participação, focada nesses eixos, está alicerçada na pergunta de como podemos fazer da COP30 uma oportunidade para alavancar nossa missão e fortalecer meios de vida sustentáveis com protagonismo comunitário,” ressalta Fábio Vaz, coordenador executivo do ISPN.
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