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Formação inaugura nove projetos ecossociais em Terras Indígenas no Maranhão e leste do Pará

Batizada de “Vozes do Gurupi”, a formação é parte das ações do projeto Gestão e Restauração no Mosaico Gurupi que visa fortalecer as estratégias de gestão ambiental e territorial lideradas pelos povos indígenas

Entre os dias 5 a 8 de agosto de 2024, a cidade de Imperatriz (MA) sediou o primeiro módulo da formação “Vozes do Gurupi”, iniciativa do projeto Gestão e Restauração no Mosaico Gurupi, promovido pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) em parceria com a Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima). A ação conta  com o apoio financeiro do programa Copaíbas, que é uma iniciativa do Fundo Brasileiro da Biodiversidade (Funbio). 

O encontro teve como foco discutir os processos de gestão dos nove projetos indígenas, que representam as seis Terras Indígenas que fazem parte do Mosaico Gurupi, contempladas pela iniciativa. A formação abordou princípios e boas práticas de gestão, administração de recursos e pessoas, além de promover dinâmicas que facilitaram a compreensão dos temas abordados. Também foi discutida a governança do projeto, visando familiarizar os gestores indígenas com a estrutura de gestão e a relação entre os parceiros e o financiador.

Momento de dinâmicas durante a oficina de gestão de projetos. Foto: Julia Noleto/Coletivo 105

O evento reuniu trinta participantes das seguintes associações indígenas: Associação das Mulheres Indígenas do Gurupi (AMIG) e Associação Tembé Aitatzuhu, da Terra Indígena Alto Rio Guamá (PA); Associação Ka´apor Ta Huri e Associação Indígena Kaky, da Terra Indígena Alto Turiaçu (MA); Associação Wirazu e Associação Indígena Arari, da Terra Indígena Caru (MA); Associação Mainumy e Associação Wirapuru, da Terra Indígena Rio Pindaré (MA); e Associação Indígena Nairuy Taw, da Terra Indígena Araribóia (MA). 

Presentes, ainda, estiveram representantes da Coordenação Regional e Frente de Proteção Etnoambiental Awá, ambas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da organização Remar, Programa Copaíbas-Funbio e da Secretaria Adjunta dos Direitos dos Povos Indígenas, vinculada à Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) do Maranhão. 

“O projeto que estamos desenvolvendo será fundamental para a fiscalização do nosso território. Como é a primeira vez que lidero uma iniciativa como esta, a oficina foi essencial para entender o funcionamento de tudo. As dinâmicas e as aulas foram muito enriquecedoras, e estou animado para aplicar o que aprendemos”, destacou Valter Tembé, da Associação Aitatzuhu. 

Gestão e Restauração no Mosaico Gurupi

Oficina de elaboração de projeto da Associação Arari, do povo Awá Guajá, da Terra Indígena Caru. Foto: Andreza Andrade/Acervo ISPN

As nove associações indígenas estão à frente de projetos voltados à gestão territorial e restauração no Mosaico Gurupi, um conjunto de áreas protegidas que abrange a Amazônia maranhense e o leste do Pará. Essas ações fazem parte do projeto Gestão e Restauração no Mosaico Gurupi, que busca implementar Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), iniciativas de restauração florestal e agroflorestal, fortalecer institucionalmente as organizações indígenas, além de promover a proteção e o monitoramento territorial. Todas essas ações estão alinhadas com os princípios da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), que também foi abordada, em roda de conversa, durante o módulo.

Essas iniciativas ajudam a mitigar as pressões sobre o Mosaico Gurupi, uma das dez áreas mais críticas de desmatamento na Amazônia brasileira, onde a biodiversidade, os serviços ambientais e os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais sofrem constantes ameaças. O projeto, com duração de dois anos, promove ações participativas que foram desenvolvidas em oficinas realizadas nas Terras Indígenas do Mosaico Gurupi.

Para João Guilherme Nunes Cruz, coordenador do Programa Povos Indígenas, do ISPN, esta iniciativa busca fortalecer as estratégias de gestão ambiental e territorial protagonizadas pelos povos indígenas por meio de suas associações.

“O projeto também expande as reflexões e debates sobre a PNGATI e o Mosaico Gurupi nas comunidades indígenas dos territórios que fazem parte desse território”, destaca. 

Além disso, o projeto apoia o fortalecimento político da Coapima, instituição indígena parceira, que atuará diretamente no acompanhamento dos projetos, em paralelo à sua agenda de incidência política junto às bases que representa.

“Essa iniciativa é muito importante, pois fortalece o nosso trabalho nos territórios e nas nossas organizações de base. A oficina foi  muito positiva, pois, permitiu potencializar as organizações indígenas para que possam ter mais autonomia na gestão de projetos, e isso é um sonho de todos os indígenas”, ressalta Marcilene Guajajara, coordenadora executiva da Coapima. 

 

Vozes do Gurupi

Representantes da TI Rio Pindaré na oficina de gestão de projetos “Vozes do Gurupi”. Foto: Julia Noleto/Coletivo 105

A formação “Vozes do Gurupi” é composta por três módulos: gestão de projetos, planejamento estratégico e comunicação comunitária. Esta formação foi desenvolvida para apoiar as associações indígenas na gestão de seus projetos, além de estabelecer um plano de comunicação que fortaleça a disseminação de informações socioambientais e amplifique as vozes indígenas por meio de suas organizações. O Coletivo 105, instituição especializada em comunicação e gestão para povos indígenas e comunidades tradicionais, é responsável pela execução desta etapa da formação. Os próximos módulos estão programados para outubro e novembro deste ano.

 

Autoria: Andreza Baré / Assessoria de Comunicação ISPN

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