Programa CapGestão oferece formação para 60 professores sobre acesso a mercados por povos e comunidades tradicionais, organização participativa e CAR, entre outros temas
O ano de 2023 reuniu um grupo de professoras e professores de Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) do Cerrado e da Amazônia. No total, 60 pessoas participaram de 220 horas de formação on-line, em sete módulos, sobre gestão e comercialização para empreendimentos da agricultura familiar, de povos indígenas e de comunidades tradicionais. A formação teve foco em temas como acesso a mercados, desenvolvimento organizacional participativo e Cadastro Ambiental Rural (CAR), entre outros.
O técnico do Programa Cerrado e Amazônia do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Renato Farias, que acompanhou o curso, destaca a importância dessa formação. “Essa foi a segunda edição do CapGestão que realizamos e, desta vez, conseguimos mobilizar um público muito especial que são professores de EFAs. Nos alegra muito contribuir com a missão das escolas e com a formação de seus profissionais, especialmente quando estão em sintonia com os valores que nos movem, que são a agroecologia, o uso sustentável da biodiversidade e o desenvolvimento comunitário”, destacou.
Para Simone Almeida, agricultora familiar e participante da União Nacional das Escolas Famílias do Brasil (Unefab), o curso foi uma oportunidade ímpar. “As pessoas que participaram estão levando uma vasta experiência para a sua vida profissional e pessoal. Foi uma troca muito grande de experiências e de construção em coletivo”, disse.
Conteúdo
O conteúdo do curso incluiu, em cada um dos módulos: 1. Formação pedagógica: em pedagogia de alternância, novo ensino médio e a sociobiodiversidade do Cerrado; 2. Produção agroecológica e restauração ecológica produtiva; 3. Gestão organizacional dos empreendimentos; 4. Regularização ambiental de propriedade; 5. Organização e fomento; 6 – Desenvolvimento de planos de negócios; 7. Diferenciação de mercados para a produção familiar.
Depois de cada módulo, foram apresentados os planos de ensino e aprendizagem.
Josefa Silva, professora do município de Santarém, no Pará, contou que em 2024 pretende colocar em prática o que aprendeu. “Ano que vem, quando a gente se reencontrar, quero trazer a experiência da Feira de Trocas e das discussões sobre CAR. Trabalhar esses temas em sala de aula é muito relevante para o nosso contexto de trabalho”, comentou.
A estratégia de levar a formação para representantes de EFAs apoia processos de formação continuada. “Nós tivemos a ousadia de dialogar com a equipe do CapGestão, que já tinha um curso bem formatado, e propusemos três novas oficinas, com novas perspectivas. Foi uma caminhada que nos abriu inúmeras portas, enriquecendo a nossa formação e refletindo no que vamos oferecer em sala de aula, nas EFAs”, ressalta João Begnami, da Associação Mineira de Escolas Família (Amefa).

O CapGestão Cerrado é promovido pelo projeto Cerrado Resiliente (Ceres), realizado em parceria com o WWF-Brasil e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), com o apoio da União Europeia, do projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor e do Centro de Gestão e Inovação da Agricultura Familiar da Universidade de Brasília (UnB), que certifica a participação como atividade de extensão da própria universidade. Esta edição de formação de profissionais de ensino dos Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs) contou com a parceria da Unefab, AMEFA e do Projeto Cátedra.
O projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor é desenvolvido na Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com recursos do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha..
Experiências práticas
A EFA de Porto Nacional, no Tocantins, promoveu aulas práticas relacionadas à identificação de diferentes fitofisionomias do Cerrado na área rural. O terreno da escola é vizinho de propriedades de monocultivos, o que faz com que esteja frequentemente exposto a ameaças como pulverizações aéreas de agrotóxicos. Porém, no local, foi identificada a presença da abelha nativa jataí (Tetragonisca angustula) em uma porção de Cerrado conservado, mostrando aos estudantes a importância de ambientes produtivos e saudáveis para muitas espécies.
Esta e outras experiências foram relatadas no trabalho “O curso de extensão Produção agroecológica e restauração ecológica produtiva do Cerrado no CapGestão Cerrado”, apresentado no XII Congresso Brasileiro de Agroecologia, que ocorreu em novembro de 2023, disponível aqui.
Com informações da Assessoria de Comunicação do projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor/GIZ/MDA.