Acervo ISPN/Roberto Kasu

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Empoderamento de mulheres será central em editais PPP-ECOS pelos próximos 5 anos

O compromisso é fortalecer comunidades rurais especialmente por meio da promoção da equidade de gênero. Projeto lançado em parceria entre GEF, PNUD e ISPN vai investir R$ 16 milhões em áreas de Minas Gerais, Bahia, Piauí e Pernambuco

Desde 1994, o ISPN coordena no Brasil o Small Grants Programme – SGP (Programa de Pequenos Projetos em português), implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). Hoje, esse programa faz parte da estratégia para a Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais (PPP-ECOS), que agora tem uma nova fase no ISPN para mais cinco anos de apoio às organizações comunitárias no Cerrado e na Caatinga. O diferencial desta fase é a atenção ao envolvimento e empoderamento de mulheres do campo.

“Gênero não é apenas uma adição, mas um componente-chave do tecido estrutural do projeto, do qual depende o sucesso das metas projetadas”, comenta a assessora técnica do ISPN que também acompanha o PPP-ECOS no Brasil, Livia Carvalho Moura. O seminário virtual de lançamento do projeto, realizado na quinta-feira, 7, sinalizou que uma nova etapa para o apoio a projetos comunitários no Brasil está se iniciando: mais consciente sobre a urgência do debate de gênero, e ainda mais conectado com a sabedoria que vem de povos e das comunidades tradicionais, especialmente, das vozes femininas.

Graciete Santos, coordenadora da Casa da Mulher do Nordeste, destacou que é fundamental entender qual o papel das mulheres nesse percurso. Ela lembrou a histórica desigualdade entre homens e mulheres no país, e o papel fundamental que iniciativas como o PPP-ECOS possuem para contribuir com a mudança dessa realidade.

“O enfoque no gênero vai ser fundamental para essa nova etapa do PPP-ECOS. Nós vemos no dia a dia a importância da mulher para a conservação, para o acesso à água. São elas que precisam se desdobrar para dar conta de casa e lutar por mais autonomia. São elas também quem primeiro se conscientizam sobre a importância da conservação. É preciso pensar nas mulheres”, alertou.

 

Protagonismo feminino como estratégia para  o desenvolvimento sustentável 

E foi com a Casa da Mulher do Nordeste, no Sertão do Pajeú pernambucano, que o PPP-ECOS pode apoiar um dos projetos que traduzem a potência das mulheres. Entre 2017 e 2018, a organização desenvolveu um projeto com o reuso da água que sobra da lavagem da louça, do banho e outras atividades domésticas para ser usada na agricultura. O projeto garantiu que 44 mulheres tivessem acesso à tecnologia e as capacitou para o repasse da construção do sistema, potencializando esse recurso na Caatinga.

O reuso da água cinza conseguiu aumentar a irrigação nas plantações e garantir mais autonomia para as mulheres. A partir do uso desse recurso, algumas começaram a produzir e comercializar o excedente (saiba mais sobre esse projeto aqui).  Essa nova etapa do PPP-ECOS afirma um compromisso para fortalecer ainda mais o foco na equidade de gênero e no empoderamento das mulheres, com metas que seguem lado a lado ao desenvolvimento sustentável.

 

Seminário virtual abre nova etapa do Programa 

Representantes do ISPN, do PNUD e do poder público, além de organizações da sociedade civil parceiras participaram do seminário de lançamento. Carlos Arboleda, representante-residente adjunto do PNUD, agradeceu a parceria do ISPN. “Só posso agradecer pelo trabalho ao longo de 27 anos implementando pequenas doações que geraram impactos fundamentais para a agenda socioambiental do Brasil”, declarou.

Na ocasião, Marcus Cesar Barreto, da secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério da Economia, enfatizou a importância de existir o protagonismo comunitário na construção dos projetos e a relevância na democratização do acesso aos recursos. “Vamos continuar apoiando ações que se desenham de baixo para cima, que venham das comunidades e sejam para as comunidades. Além disso, a visão que nós temos é que precisamos de projetos menores e mais eficientes, para que se consiga abraçar mais comunidades”, comentou.

Isabel Figueiredo, coordenadora do Programa Cerrado e Caatinga do ISPN, salientou que, em toda a trajetória do PPP-ECOS, o objetivo é fortalecer os modos de vida locais e demonstrar a importância e potência dos biomas aliados aos saberes das populações tradicionais. “É um conjunto de ações somado ao compartilhamento do conhecimento que contribui para a conservação de biomas tão invisibilizados como o Cerrado e a Caatinga”.

Ela ainda ressalta o diferencial dos editais PPP-ECOS: “A forma como a gente zela da relação com os beneficiários é muito especial no PPP-ECOS. As comunidades se sentem seguras para fazer, testar, errar e ter um apoio técnico ali. Nessa nova fase, acreditamos que ter um olhar mais voltado para as questões do protagonismo das mulheres fala muito sobre um desenvolvimento cada vez mais estrutural e igualitário”, finaliza Figueiredo.

 

História

Entre 2013 e 2018, o PPP-ECOS conseguiu beneficiar cerca de 16 mil famílias em mais de 100 municípios do Cerrado e da Caatinga por meio de 104 projetos. Esse empenho ainda contribuiu para o manejo sustentável de aproximadamente 950.000 hectares, 11 mil pessoas participaram de processos formativos e cerca de 20 contribuições para o aprimoramento de políticas públicas no campo socioambiental foram realizadas pelos projetos. A nova fase do PPP-ECOS surge com a esperança de trazer mais impactos positivos para as realidades desses biomas brasileiros. Conheça aqui outros resultados da última fase do PPP-ECOS/GEF no Brasil.

 

Sobre o PPP-ECOS

A promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais (PPP-ECOS) é a principal estratégia adotada pelo ISPN na busca por um desenvolvimento com equidade social e equilíbrio ambiental. Para viabilizar essa estratégia, o Instituto gere um Fundo independente que capta e destina recursos a projetos de organizações comunitárias que atuam pela conservação ambiental por meio do uso sustentável dos recursos naturais, gerando benefícios econômicos e sociais. Hoje, a carteira de financiadores do Fundo PPP-ECOS conta com o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Fundo Amazônia/BNDES, Laudes Foundation, União Europeia e Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha (BMU).

Saiba mais sobre o PPP-ECOS.

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