Em um dos lugares mais centrais de Brasília, o Eixão, avenida que liga uma ponta a outra da cidade, indígenas Xavante e Timbira se organizavam para dar início à tradicional corrida de Toras. Era 11 de setembro e, às 10h deste domingo, os povos indígenas começaram a disputa que há mais de 20 anos simboliza um manifesto político-cultural dos povos originários em defesa de seus territórios. O ato foi a abertura do Dia do Cerrado no Eixão de Brasília, organizado pela Rede Cerrado e diversas organizações socioambientais que fazem parte do coletivo.
Além de acompanhar a corrida, os transeuntes puderam saborear deliciosos sucos de frutas típicas do Cerrado, como o coquinho azedo, a cagaita, o araticum e a mangaba. A ação fazia parte da campanha #VotePeloCerrado, também apoiada pela Rede Cerrado e as organizações parceiras. Com o intuito de conscientizar a população para cobrar das candidaturas compromisso com o bioma, a campanha foi lançada no começo do mês e segue até as vésperas do primeiro turno das eleições. O portal cerrado.org.br traz mais informações sobre a iniciativa e disponibiliza materiais para quem quiser compartilhá-la.
A mistura de culturas também fez parte desse dia. O grupo percussivo Vivendo & Batucando embalou e deu potência ao ato, acompanhado de um boneco de perna de pau do lobo-guará do grupo Faz de Conta, de Uberlândia, MG. Falas políticas ainda exaltaram a importância em firmar um olhar pelo Cerrado, que já perdeu quase 50% de sua vegetação nativa. “Estamos aqui não só para celebrar o Cerrado, mas para mostrar que ainda há muito o que fazer para proteger nosso bioma, e a união de tantas organizações e movimentos aqui presentes é fundamental para isso. Estamos aqui para conscientizar toda a população sobre o comprometimento com o Cerrado e para que todos possam olhar para ele”, discursou Sandra Braga, do Quilombo Mesquita/GO e diretora da CONAQ.
Foram centenas de pessoas circulando pelo ato, que também fez a conexão entre as populações do campo e da cidade. “Achei incrível a corrida de toras, nunca pensei também que essas frutas do Cerrado estavam aqui, bem ao meu lado. Foi muito importante para mim entrar em contato com essa mistura”, comentou Maurício Alves, advogado e residente em Brasília. Esse dia demonstrou a potência do Cerrado e a urgência em chamar cada vez mais a atenção para as necessidades do bioma, com políticas que olhem para o combate ao desmatamento e incentivem a produção sustentável da sua sociobiodiversidade. O Cerrado é central em termos políticos, econômicos e sociais para o país. Fechar os olhos para suas demandas é esquecer que o Cerrado também é Brasil.
Saiba mais sobre a campanha #VotePeloCerrado: cerrado.org.br
Confira aqui a carta política da Rede Cerrado.
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