Oficina com representantes de organizações que acessam recursos do Fundo Ecos em Brasília. Foto: Camila Araujo/Acervo ISPN

Oficina com representantes de organizações que acessam recursos do Fundo Ecos em Brasília. Foto: Camila Araujo/Acervo ISPN

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Casa Sul Global: filantropia por clima, natureza e justiça socioambiental

Iniciativa articulada entre a Alianza Socioambiental Fondos del Sur e a Rede Comuá, das quais o ISPN e o Fundo Ecos fazem parte, será lançada on-line em 30 de julho, antes da estreia presencial na COP30 em Belém

Enquanto os efeitos da crise climática se intensificam nos territórios, os mecanismos tradicionais de financiamento falham em garantir recursos justos, ágeis e eficazes para as populações que mais protegem os biomas. Os obstáculos são muitos: financiamentos excessivamente burocráticos, distantes da realidade local, com exigência de estruturas formais e relatórios complexos — muitas vezes em línguas estrangeiras.

Para transformar esse cenário, nasce a Casa Sul Global — uma ousada plataforma coletiva criada por e para o Sul Global, com o objetivo de reconfigurar os fluxos de recursos e as dinâmicas de poder no campo da filantropia climática e ambiental.

A iniciativa é fruto da articulação entre a Alianza Socioambiental Fondos del Sur e a Rede Comuá, reunindo fundos comunitários e temáticos de diferentes países da América Latina, África e Sudeste Asiático. A plataforma surge em um momento crítico: em 2024, o mundo ultrapassou pela primeira vez o limite de aquecimento de 1,5 °C, desencadeando eventos climáticos extremos em todos os continentes.

A proposta da Casa é fortalecer o protagonismo de povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares, reconhecendo sua centralidade na conservação ambiental e na construção de soluções eficazes frente à emergência climática.

“Nosso objetivo é colocar as soluções do Sul – e para o Sul – no centro dos debates globais sobre financiamento para clima, natureza e pessoas,” afirma a coordenadora executiva da Alianza Fondos del Sur e impulsionadora do projeto, Juliana Tinoco.

Para a diretora superintendente do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Cristiane Azevedo, a plataforma representa a consolidação de anos de articulação estratégica entre fundos comunitários do Sul Global. O ISPN integra a Alianza e a Rede Comuá e mantém um fundo que fortalece iniciativas ecossociais lideradas por povos indígenas, comunidades tradicionais, agricultores familiares e comunidades periurbanas, o Fundo Ecos.

“A participação do ISPN e do Fundo Ecos na Casa Sul Global fortalece a visão de filantropia comprometida com a justiça socioambiental e climática,  com o protagonismo dos povos e comunidades locais. É também uma oportunidade de troca de experiências, fortalecimento de alianças e construção de estratégias coletivas que vão além da COP30, fortalecendo um movimento contínuo por justiça socioambiental”, afirma Cristiane.

A Casa também é uma forma de demonstrar que existem mecanismos eficazes no Sul Global — como o próprio Fundo Ecos e outros fundos independentes — que precisam ampliar o acesso a recursos pelas comunidades locais para implementarem suas próprias soluções.

“Mecanismos como os fundos de justiça socioambiental são exemplos de caminhos para um financiamento climático e para biodiversidade mais justos e alinhados às lutas das comunidades. Na COP30, o debate sobre financiamento será central, e esses atores filantrópicos do Sul Global têm muito a contribuir”, afirma o diretor executivo da Rede Comuá, Jonathas Azevedo.

Coordenador do Fundo Ecos e do Programa Iniciativas Comunitárias do ISPN, Rodrigo Noleto ressalta que a atuação em rede é essencial para o fortalecimento das organizações:

“Articular-se em torno de iniciativas como a Casa Sul Global é fundamental para ampliar o debate e permitir que as vozes das diferentes organizações, de forma articulada, alcancem financiadores e gestores de políticas públicas.”

Lançamento oficial

A Casa Sul Global será apresentada ao público em um evento on-line no dia 30 de julho de 2025. Sua primeira edição física acontecerá durante a COP30, em Belém (PA), em parceria com a Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira e o movimento #ShiftThePower. A programação presencial será sediada no Canto Coworking, um espaço histórico e central da capital paraense, com sete dias de atividades e trocas.

Espaço que sediará a Casa Sul Global na COP30. Foto: Canto/Divulgação

📅 Evento de lançamento virtual
🗓️ Data: 30 de julho de 2025
⏰ Horário: 10h30–12h (UTC-3)
🌐 Formato: Online, com interpretação simultânea em português, espanhol e inglês

Palestrantes:

  • Artemisa Castro Félix – Fondo Acción Solidaria (FASOL)
  • Cristi Marie C. Nozawa – Samdhana Institute
  • Josimara Baré – Fundo Indígena Rutî / Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira
  • Joshua Amponsem – Youth Climate Justice Fund
  • Larissa Correia de Amorim – Casa Fluminense / Aliança Territorial da Rede Comuá
  • Lisa Chamberlain – Environmental Justice Fund
  • Maria Amália Souza – Fundo Casa Socioambiental

Abertura e Mediação: Suleiman Abdullahi, Fundador da Common Reserve e representante do movimento #ShitThePower

Apresentando A Casa Sul Global:

  • Juliana Tinoco – Alianza Socioambiental Fondos del Sur
  • Jonathas Azevedo – Rede Comuá

Link para inscrição.

Autoria: Camila Araujo

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