Liderança Kayapó foi homenageada com o título de Membro Honorário da UICN por serviços prestados em prol da proteção ambiental
Ropni Metyktire, mais conhecido como Cacique Raoni, liderança do povo indígena Kayapó, recebeu o título de Membro Honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). O anúncio foi feito na quarta-feira, 8, durante a programação do Congresso Mundial da União, que acontece em Marselha, na França, até 11 de setembro (no Brasil, a data marca o Dia Nacional do Cerrado). Na cerimônia de abertura do evento internacional, o presidente francês Emmanuel Macron saudou o premiado ao lado do ator Harrisson Ford e do fotógrafo Sebastião Salgado.
A honra é concedida a cada quatro anos como reconhecimento pelo excepcional serviço para a conservação da natureza e dos recursos naturais. Cacique Raoni foi homenageado ao lado de outras três personalidades: o ornitólogo de Fiji Richard John Watling, o ambientalista libanês Assad Serhal, e a cientista britânica Jane Goodall, cuja contribuição revolucionou a compreensão sobre a relação entre primatas e humanos.
A indicação de Cacique Raoni ao prêmio foi feita pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), em parceria com o Instituto Raoni e a Associação Floresta Protegida, com intenção de ampliar o conhecimento sobre a grande contribuição da liderança para o equilíbrio climático global. “Indicamos Raoni como representante da importância dos Povos Indígenas e das Comunidades Tradicionais para a conservação da natureza”, comenta Fabio Vaz, coordenador-geral do ISPN. Vaz destaca que essa importância foi reiterada recentemente em um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Achamos que a contribuição histórica do Cacique Raoni nas lutas pela conservação da natureza e na defesa dos direitos indígenas foi, e continua sendo, fundamental para o campo socioambientalista”, parabeniza o coordenador. Como forma de agradecimento, a liderança Kayapó, que habita uma região de transição entre Amazônia e Cerrado, no estado do Mato Grosso, enviou sua mensagem pedindo o fim da guerra contra indígenas e o fim do desmatamento. Assista:
Quem é Raoni?
Aos 91 anos, Cacique Raoni coleciona uma trajetória de resistência em busca da paz. Nacionalmente, teve destaque na década de 1970, quando liderou protestos contra a construção da BR-080 (hoje MT-322) em defesa da demarcação da TI Capoto Jarina. Em 1987 e 1988, teve protagonismo, ao lado de outras lideranças indígenas, na garantia dos direitos dos povos indígenas na Constituição Federal. Politicamente, ao longo dos anos, reuniu-se com líderes políticos para visibilizar a causa indígena. Lutou contra a Usina de Belo Monte e, em 2020, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz (saiba mais). Neste ano de 2021, contraiu Covid-19, chegou a ser internado, mas se recuperou e segue uma inspiração para todas as pessoas que lutam pela conservação ambiental em todo o mundo.