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Acadêmicos indígenas de Mato Grosso do Sul realizam encontro de saberes

O 12º Encontro Estadual de Acadêmicos Indígenas de Mato Grosso do Sul foi realizado junto com o I Seminário da Rede de Saberes Indígenas de Mato Grosso do Sul, trazendo o tema “Saberes e conhecimentos indígenas em diálogo: práticas e regimes em transformação no ensino superior”. Os eventos, que aconteceram entre os dias 15 e 16 de maio de 2024 em Dourados (MS), reuniram acadêmicos indígenas dos povos Guarani, Kaiowá, Nhandeva, Guató, Terena, Kinikinau, Atikum e Kadiwéu. A organização ficou a cargo da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) por meio do Programa Indígena de Permanência e Oportunidades na Universidade (PIPOU).

O evento integrou as atividades do Rede de Saberes que desde 2005 desenvolve ações para a permanência de estudantes indígenas no ensino superior. O projeto do Rede foi criado a partir da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e se consolidou na UEMS, UFMS e UFGD, estabelecendo-se como uma importante articulação para promover a presença indígena nas universidades. O Encontro de Acadêmicos Indígenas deste ano abordou o contexto atual das políticas públicas de educação superior para os povos indígenas no Brasil, experiências e desafios na construção de espaços colaborativos e interculturais nas universidades, e os conhecimentos indígenas nas produções acadêmicas.

Momento de reivindicações dos acadêmicos indígenas das universidades participantes. Foto: Camila Boldrin/Acervo ISPN

Daniel de Oliveira Ezidio, do povo Terena, acadêmico do curso de Medicina na UEMS e bolsista do programa PIPOU, participou do evento pela primeira vez. Ele destacou a importância do encontro para fortalecer os vínculos entre acadêmicos indígenas de diferentes etnias e universidades.

“Esse evento foi muito importante e essencial para as universidades do estado e, principalmente, para o fortalecimento dos estudantes indígenas. Tivemos debates sobre a nossa situação, expressamos nossas demandas e, principalmente, mostramos nossa presença na universidade”, afirmou.

Crislene Benites, do povo Guarani, acadêmica do curso de Agronomia da UEMS e também bolsista PIPOU, enfatizou que muitos temas abordados foram novidade para estudantes como ela que enfrentam inúmeras dificuldades no espaço acadêmico.

“Foi muito bom para nos atualizarmos e sabermos onde e como devemos encaminhar nossas demandas diárias”, concluiu.

Este encontro marcou um momento significativo de troca de saberes e de fortalecimento das vozes indígenas no cenário acadêmico de Mato Grosso do Sul.

PIPOU, um apoio além das bolsas

O apoio que o PIPOU prestou ao evento é parte de uma estratégia de ampliação do programa que, além de oferecer uma bolsa de estudos, atividades formativas e um computador portátil para estudantes indígenas de graduação, inicia parcerias com universidades. O objetivo é alcançar um número maior de discentes indígenas por meio de projetos que invistam no acolhimento desses alunos, seja do ponto de vista pedagógico, social, político ou de pesquisa. O programa busca também, com essa iniciativa, incidir na consolidação das políticas públicas que se referem à permanência de indígenas no ensino superior.

Crislene Benites, Camila Boldrin (ISPN/PIPOU), Daniel de Oliveira Ezidio, durante o encontro de saberes. Foto: Gledson Martins

Atualmente, o PIPOU conta com noventa e cinco bolsistas, distribuídos em vinte instituições de ensino superior de diversos estados do país. São estudantes que representam trinta e dois povos indígenas e estão acessando conhecimentos de diferentes áreas acadêmicas como medicina, direito, ciências sociais, cinema e audiovisual, agronomia e licenciatura. 

Em fevereiro de 2024, o PIPOU celebrou o primeiro contrato, a partir dessa nova empreitada, com o Rede de Saberes. A parceria envolve as três universidades organizadoras do encontro de acadêmicos indígenas de MS, que acumulam experiência de quase 20 anos em ações afirmativas para indígenas que ingressam em suas faculdades. Os coletivos de acadêmicos indígenas participaram da elaboração do projeto e definiram a proposta junto com professores e professoras responsáveis. Outras atividades receberão apoio do PIPOU durante todo o ano de 2024.

Conforme Camila Boldrin, assessora técnica do ISPN, a parceria tem a intenção de contribuir para o fortalecimento do trabalho em rede entre essas universidades. Além disso, no caso das instituições de Mato Grosso do Sul, é preciso destacar a forma como as atividades previstas no projeto buscam a aproximação entre comunidades indígenas da região e espaço acadêmico.

“Esse é um bom exemplo de como as ações de permanência de acadêmicos indígenas podem ultrapassar os muros das universidades”, destaca a assessora. 

O PIPOU é uma iniciativa do ISPN com apoio financeiro da Vale e de outras instituições.

Autoria: Andreza Baré / Assessoria de Comunicação ISPN

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