Um assassinato a sangue frio, em frente aos familiares, de uma idosa de 72 anos, importante liderança social e religiosa: até quando? O racismo religioso e a certeza de impunidade fazem com que crimes brutais assim continuem acontecendo. Até quando?
Maria Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, como era carinhosamente conhecida a Yalorixá, foi assassinada a tiros em seu terreiro em Simões Filho, região metropolitana de Salvador (BA), na noite de quinta-feira (17/08). No dia anterior, em Brasília, 100 mil mulheres do campo, das florestas e das águas, clamaram por direitos e o fim da violência na 7ª Marcha das Margaridas.
Bernadete Pacífico era coordenadora nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (CONAQ) e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares. Foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA). Segundo testemunhas, criminosos invadiram o terreiro, amarraram pessoas e dispararam contra ela.
O filho de Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, ex-candidato a vereador do município de Simões Filho, foi também assassinado brutalmente seis anos antes, em um crime que continua sem respostas. A família sofria constantes ameaças e o crime era anunciado, segundo fontes seguras.
O ISPN se solidariza com os familiares, amigos e com a CONAQ, e clama por justiça! Espera-se das autoridades que crimes brutais e perversos como esse sejam investigados e que os culpados sejam devidamente responsabilizados. Reiteramos aqui também o apoio à criação da Comissão Contra a Violência no Campo, que teve seu decreto assinado durante a Marcha das Margaridas no último dia 16.