Jessica Pedreira (ISPN), Tatiane Gomes e Maria Bezerra, (Associação da Comunidade Quilombola Feijão e Posse), Sara Rufino (Casa Mulher do Nordeste) e Cícera Maria (técnica agropecuária), reunidas em comunidade quilombola de Mirandiba, Sertão do Pajeú (PE), para reunião de projeto "Quilombolas beneficiando a produção agroecológica e gerando renda no Sertão do Pajeú"

Jessica Pedreira (ISPN), Tatiane Gomes e Maria Bezerra, (Associação da Comunidade Quilombola Feijão e Posse), Sara Rufino (Casa Mulher do Nordeste) e Cícera Maria (técnica agropecuária), reunidas em comunidade quilombola de Mirandiba, Sertão do Pajeú (PE), para reunião de projeto "Quilombolas beneficiando a produção agroecológica e gerando renda no Sertão do Pajeú"

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Fundo Ecos encerra 2024 com cinco editais e apoio a 100 projetos comunitários

Recurso total a organizações indígenas, de povos e comunidades tradicionais e de agricultura familiar é de R$11 milhões

Em 2024, ano em que o Fundo Ecos comemorou 30 anos, cinco editais de apoio a mais de 100 projetos comunitários, com recurso total de cerca de R$ 11 milhões, foram lançados. Os editais são voltados para povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e de agriculturas familiares dos biomas Cerrado, Caatinga e Amazônia, 

“Este ano é um marco para o Fundo Ecos. Não apenas pelas três décadas de experiência acumulada, com mais de mil projetos apoiados, mas também porque demonstra capacidade de realizar novas parcerias – como foram os últimos editais lançados –, de levantar fundos com novos investidores e de manter relacionamento com nossos mais antigos parceiros”, explicou o coordenador do Fundo Ecos, Rodrigo Noleto.

Ele acrescentou ainda que, em 2024, houve o lançamento “quase simultâneo de três editais robustos, que vão ajudar a apoiar pequenas iniciativas, mas também consolidar redes, promover articulações políticas e empreendimentos comunitários. Ou seja, os anseios das comunidades que foram traduzidos em projetos!”. Entre setembro e outubro, outros dois editais, com foco em territórios indígenas, foram publicados. 

O poema “Os Pilares do Fundo Ecos”, escrito pela quebradeira de coco babaçu Maria do Socorro Teixeira em celebração aos 30 anos do Fundo Ecos, está disponível ao final deste texto. Confira! 

Os editais deste ano chamam a atenção pela diversidade de financiadores, de categorias de apoio e de temas. Pela primeira vez na história do Fundo Ecos, foi estabelecido um recorte temático para apoiar projetos de mulheres, no contexto de inclusão socioprodutiva, e da juventude rural, no âmbito da educação no campo (ver os editais 38 e 39). 

Primeiro do ano, o edital Redes, por sua vez, lançado em 3 de maio, selecionou projetos de iniciativas articuladas, para abarcar um número maior de organizações em rede e amplificar os resultados. Já os dois últimos editais lançados em 2024 são para financiar micro e pequenos projetos e têm foco em territórios indígenas.  

Para a diretora-superintendente do ISPN, Cristiane Azevedo,  “o aniversário do Fundo Ecos celebra a força das comunidades em transformar paisagens e vidas. Esse fundo independente reafirma nosso compromisso com a democratização do acesso a recursos pelas organizações de base e comunidades locais, grandes responsáveis pela conservação da nossa biodiversidade”. 

“Em 2024, a ampliação do número de parcerias e de fontes de financiamento permitiu a destinação de R$ 11 milhões por meio de cinco novos editais, possibilitando a priorização de projetos direcionados especificamente às mulheres e jovens, além de apoios a diversas iniciativas nos biomas Cerrado, Amazônia e Caatinga. É a filantropia comunitária fortalecendo o protagonismo dos povos em seus territórios, conectando sua experiência e sonhos às ações concretas, construindo soluções sustentáveis”, conclui. 

Diversidade temática nos editais

Redes 

Lançado em 3 de maio, o 37º edital [Redes] tem foco em projetos com atuação em rede. As organizações, que já foram selecionadas, vão se articular com parceiros para executar o projeto. Este formato foi proposto para amplificar os benefícios e resultados da iniciativa. 

Para esta chamada, o recurso de R$ 2,1 milhões foi viabilizado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), por meio da “Sétima Fase Operacional do Fundo Ecos”, projeto implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 

Veja os nove projetos selecionados aqui

Maranhão e Tocantins 

Já o 38º edital [Mulheres & Jovens], lançado em 23 de julho, tem uma característica inédita. Pela primeira vez na história, o Fundo Ecos focou no apoio exclusivo a projetos liderados por mulheres, no contexto da inclusão socioprodutiva, e jovens, no contexto da educação do campo em municípios do Maranhão e do Tocantins. 

Outro ineditismo do edital é o modelo de financiamento adotado, denominado “match funding”, que prioriza a colaboração financeira. Neste caso, o investimento de R$4,1 milhões é viabilizado pelo Fundo Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Suzano. 

Veja os projetos selecionados aqui

Cerrado e Caatinga

Na mesma linha temática, o edital 39º [Mulheres & Jovens] vai destinar R$4,2 milhões para projetos desenvolvidos por mulheres e jovens com foco em desenvolvimento rural sustentável e benefícios ambientais nos biomas Cerrado e Caatinga. 

O chamamento é viabilizado por recursos do GEF, assim como foi o edital 37, e também do Fundo Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no âmbito do projeto Protagonismo Juvenil e Feminismo Rural.  

Territórios indígenas 

Os dois últimos editais do ano são voltados para territórios indígenas e são parte do projeto “Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental” – uma parceria entre o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), o ISPN, e as organizações indígenas Associação Wyty Cate das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, Coordenação das Organizações e Articulações Indígenas dos Povos do Maranhão (Coapima) e Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão (Amima).

Apoio financeiro é da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

O primeiro destes chamamentos, com inscrições até 21 de fevereiro de 2025, tem foco em projetos de gestão territorial e ambiental de Terras Indígenas no Maranhão, norte do Tocantins (Apinajé e Kraolândia) e leste do Pará (Alto Rio Guamá). Serão disponibilizados R$ 600 mil para apoiar até 10 projetos, com orçamento máximo de R$ 60 mil por proposta.

Complementar a este chamamento, com foco de atuação na mesma região, o último edital do ano, cujas inscrições já encerraram e está em fase de seleção, é para apoiar 20 microprojetos liderados por mulheres indígenas, no valor de até R$ 6 mil cada um. 

Este edital também conta com o apoio financeiro da USAID.

Fundo Ecos 

O Fundo Ecos viabiliza a estratégia de trabalho do ISPN, chamada de Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais. Trata-se de um fundo independente que capta recursos de diversos financiadores diferentes e os destina a projetos de organizações comunitárias que atuam pela conservação ambiental por meio do uso sustentável dos recursos naturais, gerando benefícios econômicos e sociais.

Criado em 1994, o fundo já apoiou mais de mil projetos e investiu cerca de US$ 25 milhões nesse período, nos biomas Cerrado, Amazônia e Caatinga. 

Saiba mais no site do Fundo Ecos, aqui

 

Poema “Os pilares do Fundo Ecos”

Por Maria do Socorro Teixeira Lima, quebradeira de coco babaçu e liderança no Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) 

Protagonismo Comunitário

Buscando fortalecer 

O incentivo igualitário

Para Autonomia Crescer 

Participação Ativa legais

Criação e impactuação 

De projetos inovadores 

e também sustentáveis

Escuta Ativa de qualidade

Entendemos que Comunidades

Quem nos fala de Verdades

Dos problemas Tradicionais

Sempre de ouvidos abertos

Para demandas compreender

Buscar dialogo para ajudar 

E as soluções desenvolver

Desejo de Transformação

Somos movidos pela vontade

De construir futuro sustentável

Dos povos e também da nação

Com vida e equidade 

Para Humanidade social

Cuidar da sociobiodiversidade

A manter o agroflorestal

Os Paradigmas diferente

De sentido a fomentar 

Com desenvolvimento vigente

E as mudanças implementar

Políticas Transformadoras

Para o mundo melhorar

Respeito e dignidade das pessoas

E nova vida aos povos continuar

Modelo de transformação

Com mudanças Climáticas

Nas comunidades do Sertão

E com produções Ecológicas

Respeito e confiança

As raízes com fortes relações

E com vínculos verdadeiros

Construindo vida e segurança

Reforçando a confiança

Entre nós e as comunidades

Povos Indígenas quilombola

Extrativistas e Tradicionais

Garantir Agricultura familiar

Contribuindo para mudanças

Desenvolvimento sustentável

Buscando agricultura estruturar 

Justiça ativa e social Aliada

Mantendo equilíbrio Ambiental

Fortalecendo os modos de vida

Dos povos  do meio rural

Multiplicação de saberes

Conhecimento e valores

Experiência dos Atores

Instrumentos e fatores

Fortalecer protagonismo comunitário

Incentivo a conservação Ambiental

E promoção de equidade social

Combatendo a desigualdade racial

Maria do Socorro na festa de 30 anos do Fundo Ecos (Foto: Camila Araujo/Acervo ISPN)

Texto por Assessoria de Comunicação do ISPN/Camila Araujo. 

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