Recurso total a organizações indígenas, de povos e comunidades tradicionais e de agricultura familiar é de R$11 milhões
Em 2024, ano em que o Fundo Ecos comemorou 30 anos, cinco editais de apoio a mais de 100 projetos comunitários, com recurso total de cerca de R$ 11 milhões, foram lançados. Os editais são voltados para povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e de agriculturas familiares dos biomas Cerrado, Caatinga e Amazônia,
“Este ano é um marco para o Fundo Ecos. Não apenas pelas três décadas de experiência acumulada, com mais de mil projetos apoiados, mas também porque demonstra capacidade de realizar novas parcerias – como foram os últimos editais lançados –, de levantar fundos com novos investidores e de manter relacionamento com nossos mais antigos parceiros”, explicou o coordenador do Fundo Ecos, Rodrigo Noleto.
Ele acrescentou ainda que, em 2024, houve o lançamento “quase simultâneo de três editais robustos, que vão ajudar a apoiar pequenas iniciativas, mas também consolidar redes, promover articulações políticas e empreendimentos comunitários. Ou seja, os anseios das comunidades que foram traduzidos em projetos!”. Entre setembro e outubro, outros dois editais, com foco em territórios indígenas, foram publicados.
O poema “Os Pilares do Fundo Ecos”, escrito pela quebradeira de coco babaçu Maria do Socorro Teixeira em celebração aos 30 anos do Fundo Ecos, está disponível ao final deste texto. Confira!
Os editais deste ano chamam a atenção pela diversidade de financiadores, de categorias de apoio e de temas. Pela primeira vez na história do Fundo Ecos, foi estabelecido um recorte temático para apoiar projetos de mulheres, no contexto de inclusão socioprodutiva, e da juventude rural, no âmbito da educação no campo (ver os editais 38 e 39).
Primeiro do ano, o edital Redes, por sua vez, lançado em 3 de maio, selecionou projetos de iniciativas articuladas, para abarcar um número maior de organizações em rede e amplificar os resultados. Já os dois últimos editais lançados em 2024 são para financiar micro e pequenos projetos e têm foco em territórios indígenas.
Para a diretora-superintendente do ISPN, Cristiane Azevedo, “o aniversário do Fundo Ecos celebra a força das comunidades em transformar paisagens e vidas. Esse fundo independente reafirma nosso compromisso com a democratização do acesso a recursos pelas organizações de base e comunidades locais, grandes responsáveis pela conservação da nossa biodiversidade”.
“Em 2024, a ampliação do número de parcerias e de fontes de financiamento permitiu a destinação de R$ 11 milhões por meio de cinco novos editais, possibilitando a priorização de projetos direcionados especificamente às mulheres e jovens, além de apoios a diversas iniciativas nos biomas Cerrado, Amazônia e Caatinga. É a filantropia comunitária fortalecendo o protagonismo dos povos em seus territórios, conectando sua experiência e sonhos às ações concretas, construindo soluções sustentáveis”, conclui.
Diversidade temática nos editais
Redes
Lançado em 3 de maio, o 37º edital [Redes] tem foco em projetos com atuação em rede. As organizações, que já foram selecionadas, vão se articular com parceiros para executar o projeto. Este formato foi proposto para amplificar os benefícios e resultados da iniciativa.
Para esta chamada, o recurso de R$ 2,1 milhões foi viabilizado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), por meio da “Sétima Fase Operacional do Fundo Ecos”, projeto implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Veja os nove projetos selecionados aqui.
Maranhão e Tocantins
Já o 38º edital [Mulheres & Jovens], lançado em 23 de julho, tem uma característica inédita. Pela primeira vez na história, o Fundo Ecos focou no apoio exclusivo a projetos liderados por mulheres, no contexto da inclusão socioprodutiva, e jovens, no contexto da educação do campo em municípios do Maranhão e do Tocantins.
Outro ineditismo do edital é o modelo de financiamento adotado, denominado “match funding”, que prioriza a colaboração financeira. Neste caso, o investimento de R$4,1 milhões é viabilizado pelo Fundo Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Suzano.
Veja os projetos selecionados aqui.
Cerrado e Caatinga
Na mesma linha temática, o edital 39º [Mulheres & Jovens] vai destinar R$4,2 milhões para projetos desenvolvidos por mulheres e jovens com foco em desenvolvimento rural sustentável e benefícios ambientais nos biomas Cerrado e Caatinga.
O chamamento é viabilizado por recursos do GEF, assim como foi o edital 37, e também do Fundo Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no âmbito do projeto Protagonismo Juvenil e Feminismo Rural.
Territórios indígenas
Os dois últimos editais do ano são voltados para territórios indígenas e são parte do projeto “Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental” – uma parceria entre o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), o ISPN, e as organizações indígenas Associação Wyty Cate das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, Coordenação das Organizações e Articulações Indígenas dos Povos do Maranhão (Coapima) e Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão (Amima).
Apoio financeiro é da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
O primeiro destes chamamentos, com inscrições até 21 de fevereiro de 2025, tem foco em projetos de gestão territorial e ambiental de Terras Indígenas no Maranhão, norte do Tocantins (Apinajé e Kraolândia) e leste do Pará (Alto Rio Guamá). Serão disponibilizados R$ 600 mil para apoiar até 10 projetos, com orçamento máximo de R$ 60 mil por proposta.
Complementar a este chamamento, com foco de atuação na mesma região, o último edital do ano, cujas inscrições já encerraram e está em fase de seleção, é para apoiar 20 microprojetos liderados por mulheres indígenas, no valor de até R$ 6 mil cada um.
Este edital também conta com o apoio financeiro da USAID.
Fundo Ecos
O Fundo Ecos viabiliza a estratégia de trabalho do ISPN, chamada de Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais. Trata-se de um fundo independente que capta recursos de diversos financiadores diferentes e os destina a projetos de organizações comunitárias que atuam pela conservação ambiental por meio do uso sustentável dos recursos naturais, gerando benefícios econômicos e sociais.
Criado em 1994, o fundo já apoiou mais de mil projetos e investiu cerca de US$ 25 milhões nesse período, nos biomas Cerrado, Amazônia e Caatinga.
Saiba mais no site do Fundo Ecos, aqui.
Poema “Os pilares do Fundo Ecos”
Por Maria do Socorro Teixeira Lima, quebradeira de coco babaçu e liderança no Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB)
Protagonismo Comunitário
Buscando fortalecer
O incentivo igualitário
Para Autonomia Crescer
Participação Ativa legais
Criação e impactuação
De projetos inovadores
e também sustentáveis
Escuta Ativa de qualidade
Entendemos que Comunidades
Quem nos fala de Verdades
Dos problemas Tradicionais
Sempre de ouvidos abertos
Para demandas compreender
Buscar dialogo para ajudar
E as soluções desenvolver
Desejo de Transformação
Somos movidos pela vontade
De construir futuro sustentável
Dos povos e também da nação
Com vida e equidade
Para Humanidade social
Cuidar da sociobiodiversidade
A manter o agroflorestal
Os Paradigmas diferente
De sentido a fomentar
Com desenvolvimento vigente
E as mudanças implementar
Políticas Transformadoras
Para o mundo melhorar
Respeito e dignidade das pessoas
E nova vida aos povos continuar
Modelo de transformação
Com mudanças Climáticas
Nas comunidades do Sertão
E com produções Ecológicas
Respeito e confiança
As raízes com fortes relações
E com vínculos verdadeiros
Construindo vida e segurança
Reforçando a confiança
Entre nós e as comunidades
Povos Indígenas quilombola
Extrativistas e Tradicionais
Garantir Agricultura familiar
Contribuindo para mudanças
Desenvolvimento sustentável
Buscando agricultura estruturar
Justiça ativa e social Aliada
Mantendo equilíbrio Ambiental
Fortalecendo os modos de vida
Dos povos do meio rural
Multiplicação de saberes
Conhecimento e valores
Experiência dos Atores
Instrumentos e fatores
Fortalecer protagonismo comunitário
Incentivo a conservação Ambiental
E promoção de equidade social
Combatendo a desigualdade racial

Texto por Assessoria de Comunicação do ISPN/Camila Araujo.