Equipes do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), do WWF Brasil e WWF Dinamarca foram recebidas na sede da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (FETAEMA), na Região Metropolitana de São Luís, no dia 11 de setembro, para uma visita de apresentação de experiências do projeto Cerrado Vivo, que tem como financiador a Agência Dinamarquesa para o Desenvolvimento Internacional (DANIDA), e que é implementado pelo ISPN.
No âmbito do projeto Cerrado Vivo, o ISPN estabeleceu um acordo de cooperação técnica (ACT) com a FETAEMA para a disseminação do aplicativo de celular Tô no Mapa entre comunidades tradicionais e de agricultoras e agricultores familiares, especialmente, nas áreas de Cerrado e de expansão do agronegócio.
A capilaridade da FETAEMA no Maranhão, com a presença de Sindicatos de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais, filiados à Federação, em 214 dos 217 municípios do estado, ajuda o ISPN a identificar comunidades e mobilizar lideranças para oficinas de apresentação do Tô no Mapa.
O aplicativo é uma ferramenta de automapeamento que permite que as comunidades façam a autodeclaração dos limites de seus territórios e identifiquem pontos de uso e conflito. O automapeamento contribui para o processo de proteção de territórios sob ameaça e na criação de políticas públicas específicas.
Do encontro, participaram o secretário de Política Agrária da FETAEMA, Edimilson Costa; o controlador de projetos e finanças do WWF Dinamarca, Sinan Ucar; o secretário de Jovens, Elisafam Lustosa; a secretaria de Organização e Formação Sindical Gercina Marques Vieira, ambos da FETAEMA; a coordenadora do Programa Maranhão do ISPN, Ruthiane Pereira; a vice-presidente da Federação, Nilvane dos Santos, o analista de Conservação do WWF Brasil, André Freitas; e a gerente de Projetos e Programas Internacionais do WWF Dinamarca, Sirilak Ewe Wichayaruangrom; e os assessores técnicos do ISPN, Vitor Hugo Moraes e Carlos Lourenço Almeida Filho.
O Tô no Mapa permite automapeamento a partir do celular, sem internet, tornando o processo mais acessível e traz mais uma possibilidade de fortalecimento da garantia de direitos para os que vivem em territórios tradicionais. Os representantes do WWF queriam compreender o papel da FETAEMA no processo de escolha das comunidades e saber qual o nível de autonomia destas na realização do automapeamento.

Os analistas do WWF queriam ouvir relatos, diretamente, das pessoas das comunidades, tanto sobre a experiência com o Tô no Mapa, como sobre a realidade de violência no campo no Maranhão. Para isso, o ISPN organizou uma visita ao Quilombo Cedro, no Município de Santa Rita, há quase 100 quilômetros de São Luís. A comunidade é cadastrada no Tô no Mapa e vive sob pressão de grileiros, inclusive, com relatos de pulverização aérea de agrotóxicos, que provocou adoecimento de crianças, e ameaças de morte.
Além da comunidade do Quilombo Cedro, também participaram do encontro com os representantes do WWF, pessoas de outros quilombos da região que também enfrentam conflitos, como o Quilombo São José Enfezado, que inclusive, permitiu que a Defensoria Pública do Maranhão utilizasse o cadastro do Tô no Mapa em processo judicial que comunidade enfrenta.

Na quinta-feira, 12, de volta a São Luís, o WWF e o ISPN reuniram-se com a supervisora da Escola de Conselhos da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular do Governo do Maranhão (SEDIHPOP), Ivana Braga. A Escola de Conselhos tem parceria com o ISPN para a realização de oficinas de Direitos Humanos e Advocacy no eixo de incidência do Projeto Cerrado Vivo. A última oficina foi realizada no Centro de Formação Nossa Senhora de Guadalupe, espaço da Diocese de Balsas, no Maranhão, em junho.