Preocupado com a conservação do Cerrado no sul do Piauí, um grupo de 20 cursistas de povos e comunidades tradicionais se reuniu no curso “Cerrativismo: em defesa do Cerrado nos territórios do sul do Piauí” para o fortalecimento do ativismo no bioma. O encontro foi realizado em três módulos nos meses de abril, julho e outubro de 2023 na Escola Família Agrícola do Vale do Gurguéia (EFAVAG), município de Cristino Castro, Piauí.
Durante os módulos, os cursistas desenvolveram atividades em suas comunidades, implementando pequenos projetos como construção de horta comunitária, aquisição de chocadeiras para produção de ovos na comunidade, resgate de atividades culturais, restauração de nascentes, e outros. Cada um deles recebeu um recurso de R$1.000 para executar a iniciativa. Maria Derismar Pereira da Silva, quilombola da comunidade Parentina, no município de Barreiras do Piauí, por exemplo, construiu uma horta e passou a vender alimentos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
“Eu achei que não fosse conseguir fazer nada, mas resolvi tentar”, explica a cursista, que forneceu maxixe, cheiro verde e abobrinha ao PAA. Ela acrescenta ainda que foi uma “conquista muito grande” fazer esse trabalho em sua comunidade. “Eu sempre tive horta para meu próprio consumo mas com o apoio do Cerrativismo eu pude plantar para vender.”
Terena Castro, assessora técnica do ISPN que acompanhou a realização do curso, afirma que a iniciativa de Derismar é um exemplo. “Mesmo com pouco recurso, o apoio externo pode potencializar a ação das comunidades”, comenta.
Saiba mais sobre o curso no vídeo:
Para Debora Almeida, consultora no Instituto Desenvolvimento Social (IDS), parceiro do ISPN e responsável pela assessoria pedagógica do curso, a formação não é para “formar” lideranças e sim fortalecer um “impulso pessoal” que cada participante já traz consigo em suas bagagens. Ela destaca ainda a riqueza da possibilidade de articulação e encontro entre pessoas que atuam nos diversos territórios da região.
O Cerrativismo é um projeto que tem como objetivo instrumentalizar a sociedade civil organizada e os movimentos sociais para ampliar e qualificar a atuação pelo Cerrado. A ideia é contribuir para um melhor equilíbrio entre as forças atuantes nos territórios e gerar benefícios socioambientais para o bioma como um todo. Quer conhecer experiências anteriores e saber mais sobre o projeto? Clique aqui para ler nossa cartilha ou assista ao vídeo sobre uma experiência de formação ativista no oeste da Bahia.
A formação é uma iniciativa do ISPN, com apoio do projeto Ceres e do WWF Brasil e financiamento da União Europeia. Nesta edição, o curso recebeu consultoria pedagógica do IDS e consultoria jurídica do Coletiva Antônia Flor. Contou ainda com um conselho gestor composto por 10 organizações: Associação dos Trabalhadores Filhos e Amigos de Currais, Associação Indígena Gamela, Coletivo Antônia Flor, Comissão Pastoral da Terra Piauí, Comunidade das Quebradeiras de Coco de Sítio, Instituto Sociedade, População e Natureza, Movimento Camponês Popular, Observatório Matopiba, Rede Cerrado e Universidade Federal do Piauí.