Expressamos nossa imensa preocupação com o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari. Manifestamos nossa completa solidariedade aos familiares e amigos próximos. Pereira e Phillips dedicam-se há anos ao trabalho em defesa do meio ambiente e dos povos indígenas. Uma ameaça direta a eles representa perigo para todos nós, sejam ambientalistas, sejam pessoas que se beneficiam da Amazônia mesmo sem consciência dos benefícios do bioma em suas vidas. A Amazônia é um mundo diverso de povos, territórios, biodiversidade e riquezas naturais que contribuem significativamente com o equilíbrio do clima global, alimentam cidades e abastecem reservatórios de água pelo país. É revoltante testemunhar a situação de desordem e violência que invadiu a floresta nos últimos quatro anos. É preciso restabelecer a paz nos territórios indígenas.
O ISPN, como uma organização socioambiental de atuação no bioma amazônico, lamenta profundamente a falta de respostas à ausência de dois colegas qualificados e comprometidos com o desenvolvimento social. Bruno é respeitado por nossa equipe e pelo indigenismo brasileiro, especialmente por sua grande dedicação e competência no trabalho com os povos em isolamento voluntário; Dom é um profissional de imprensa assertivo, atento às notícias urgentes que vêm dos interiores do Brasil. Iguais aos dois profissionais, existem poucos neste mundo. Nesse sentido, nos somamos à grande rede formada para exigir respostas das autoridades de investigação competentes. Cada minuto que passa é uma eternidade. Temos pressa na resposta.
Todos os dias desaparecem ativistas ambientais no Brasil, não apenas na Amazônia, mas também no Cerrado e nos demais biomas brasileiros. São indigenistas, indígenas, povos tradicionais, agricultores familiares. O Brasil está entre os países mais perigosos para ativistas ambientais do mundo, ocupando a quarta posição entre os que oferecem mais risco. Não aceitamos intimidações e não cansaremos de exigir respostas.
É preciso proteger o meio ambiente contra a ganância humana, seja mineração ilegal, tráfico de armas, desmatamento ou outra atividade que fere a terra. Nosso país tem lei, sim. A Amazônia não é terra de ninguém: é terra dos povos originários e das comunidades tradicionais; é terra onde a liberdade de imprensa existe e deve ser respeitada. Como diz a canção de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, “você corta um verso, eu escrevo outro”. Somos muitos com Bruno e Dom. Cobramos resposta e exigimos justiça. Onde eles estão?