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A potência da juventude indígena no ATL 2022

No retorno histórico às atividades presenciais do ATL, jovens dos quatro cantos do Brasil participaram ativamente da mobilização. Um deles, Walber Tembé destacou a importância da luta coletiva e do Mosaico Gurupi

Estamos quase no fim deste Abril Indígena 2022, onde mais de 7 mil indígenas estiveram na maior mobilização dos povos originários do Brasil, o Acampamento Terra Livre (ATL), realizado em Brasília (DF). Durante os dias de luta, a juventude indígena marcou presença em pautas específicas sobre questões que afligem os/as jovens dentro e fora das aldeias. Walber Tembé, importante liderança da juventude na Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá (PA), falou do papel estratégico dos/as jovens no ATL. “A gente vem para fazer a diferença, para somar forças junto com os parentes”, afirmou.

Questionado sobre a importância da participação jovem no ATL, Walber comentou que é um momento gratificante. “Quando a gente sai das nossas aldeias, há muitas expectativas. Os jovens ficam ansiosos para ver o movimento, conhecer o movimento e estar dentro do movimento. O ATL é uma escola para a gente, onde a gente aprende que a nossa força sempre tem que ser conjunta”, explicou. Durante os dias de mobilização na capital federal, lideranças jovens, adultas e anciãs discutiram pautas que tramitam no Congresso Nacional e que atentam contra os territórios indígenas, como o PL 191/2020, da Mineração em Terras Indígenas. “Como juventude, a gente veio aprender e contribuir com o que puder”, contou Walber. Sua TI é uma das seis que integram o Mosaico Gurupi, articulação estratégica para a proteção territorial das TIs que fazem parte deste conjunto de áreas protegidas fundamentais para a sociobiodiversidade da Amazônia Oriental. Além da TI Alto Rio Guamá, território de Walber, também fazem parte do Mosaico Gurupi as TIs Alto Turiaçú, Araribóia, Caru, Rio Pindaré e Awá, além da Reserva Biológica Gurupi. O ISPN apoia a gestão integrada do Mosaico Gurupi por meio do projeto Paisagens Indígenas, que visa contribuir com as estratégias de gestão ambiental e territorial indígena no Mosaico Gurupi e no Território Timbira. A iniciativa tem como princípio fomentar a promoção dos direitos indígenas, as suas formas de organização sociopolítica e os instrumentos de gestão integrada indígena, fundamentais para a manutenção da sociobiodiversidade e do bem-viver dos povos nesses dois territórios (saiba mais abaixo).

Sobre a articulação, Walber destacou que o Mosaico fortalece a proteção territorial em várias frentes, desde proteção contra o garimpo, madeireiros ilegais, mas também contra queimadas cada vez mais frequentes. “A TI Alto Rio Guamá vem sofrendo muito com as queimadas. A gente vê o Mosaico como uma força muito grande, um escudo forte para apoiar os territórios. Para mim, o Mosaico é essencial dentro dos territórios indígenas”, declarou. Assista no Instagram do ISPN o vídeo de Walber Tembé comentando o ATL 2022 [clique aqui].

O que é um Mosaico?

Um mosaico de áreas protegidas é definido por lei no Brasil (Lei 9.985/200), pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação. De acordo com o texto oficial, um mosaico é um “conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas”. Ao ser definido como mosaico, esse conjunto passa a trabalhar por estratégias de gestão integrada e participativa, e os objetivos considerados devem mirar a conservação da sociobiodiversidade. No Brasil existem 17 mosaicos formalizados pelo MMA. O processo de regularização do Gurupi foi iniciado em 2014 e ainda não foi concluído. Seu conjunto envolve seis terras indígenas conservadas por quatro povos (Tembé, Awá-Guajá, Guajajara e Ka’apor), localizadas entre o leste do Pará e o oeste do Maranhão, região sob alta ameaça de madeireiros clandestinos, dentre outros atos ilícitos.

Mosaico Gurupi em dados:

  • Composto por 6 Terras Indígenas e uma reserva biológica (Rebio Gurupi);
  • Abriga maior área de Floresta Amazônica do Maranhão;
  • Grande fauna terrestre e aquática;
  • 46 espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, dentre elas, a onça-pintada;
  • Maior área de espécies endêmicas do Pará;
  • 46,4 mil km² de área;
  • Povos Tembé , Awá-Guajá, Guajajara e Ka’apor e comunidades tradicionais.

 

Sobre o Projeto Paisagens Indígenas

A iniciativa visa contribuir com as estratégias de gestão ambiental e territorial no Mosaico Gurupi e no Território Timbira, ambas macro-paisagens essenciais para a conservação ambiental nos biomas Amazônia e Cerrado. O projeto tem como princípio a promoção dos direitos indígenas bem como as suas formas de organização sociopolítica e os seus instrumentos de gestão integrada, fundamentais para a manutenção da sociobiodiversidade e do bem viver nesses dois territórios. O projeto acontece em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e o Instituto Nupef. Conta com o apoio da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad) por meio da Iniciativa Internacional de Clima e Floresta (NICFI). 

 

Autoria: Andreza Baré / Assessoria de Comunicação ISPN

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