(Acervo ISPN)

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Cerrado é rico em alimentos nativos e nutritivos

Com mais de quatro mil plantas exclusivas da região, o bioma do coração do Brasil é território de alimentos saudáveis e saborosos. Campanha “Cerrado Tropicano” estimula consumidores a inserir ingredientes no cotidiano; saiba onde comprar e como desfrutar

Brasileiros e estrangeiros que vivem o Cerrado, sejam moradores, turistas ou admiradores, têm à disposição muito mais do que trilhas, cachoeiras e ipês. Como a savana mais biodiversa do mundo, com 30% das espécies nacionais, o Cerrado é berço de alimentos nutritivos e saudáveis, coletados e cultivados por agricultores familiares e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco babaçu. Presente em todas as regiões, ocupando 25% do Brasil, o bioma é muito mais do que as fronteiras agrícolas de monoculturas. A diversidade alimentar é uma de suas características originais mais marcantes.

A campanha “Cerrado Tropicano”, realizada neste fim de ano pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), tem como objetivo incentivar o uso doméstico cotidiano de ingredientes do Cerrado. Corriqueiros em cardápios de restaurantes especializados que valorizam produtos locais, os alimentos podem e devem estar nas cozinhas e despensas dos brasileiros, especialmente dos estados que têm parte de vegetação de Cerrado. Nas festividades de Natal, ainda é possível incluir o sabor do bioma em receitas tradicionais (veja abaixo as sugestões).

Algumas espécies são velhas conhecidas, outras ainda tentam conquistar seu lugar ao sol, ou melhor, seu lugar na rotina dos consumidores. Cajuzinho-do-cerrado, pequi, araticum, murici, baru, buriti, babaçu, bacuri, gabiroba, cagaita, mangaba, puçá, araçá, jatobá, chichá, pitomba e a lista de diversidade não para por aí. Estas são apenas algumas das mais de dez mil espécies de plantas presentes do Cerrado, das quais quatro mil são endêmicas, ou seja, encontradas apenas na região. O alto teor nutritivo é comprovado cientificamente e pesquisadoras sugerem utilização desses alimentos em cardápios regionais e na merenda escolar.

(Acervo ISPN)

“Sabemos há tempos que o Cerrado é fonte de vitaminas e minerais, mas os consumidores ainda não têm a prática de olhar para esses alimentos não convencionais e os inserir na alimentação diária”, diz Terena Peres de Castro, assessora técnica do ISPN. A dificuldade, ela relata, tem a ver com a forma de acesso aos alimentos, muitas vezes indisponíveis nos mercados tradicionais, e também com a falta de conhecimento sobre como aproveitar os produtos. “O consumo de produtos oriundos da biodiversidade é um consumo consciente pois, além de garantir segurança alimentar para a sociedade, cumpre importante papel para a conservação ambiental, pois são produzidos com respeito e envolvem comunidades locais”, destaca.

Uma das ações da campanha “Cerrado Tropicano” divulga o portal Cerratinga, que disponibiliza aos internautas uma lista de produtores e extrativistas fornecedores de alimentos nativos. Os consumidores interessados têm acesso ao que eles comercializam e ao canal para aquisição, além de opções de receita que ensinam como consumir os alimentos da melhor maneira. O site ainda oferece detalhes nutricionais de cada espécie. Ao incluir os ingredientes nativos no cotidiano, consumidores colaboram no fortalecimento da economia local de povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares.

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Sugestões nutritivas

Se a lista de alimentos é extensa, os interessados podem aproveitar o Cerratinga para acessar informações especializadas a qualquer momento. Abaixo, quatro ingredientes são destacados por seu teor nutricional e facilidade de aquisição:

  • O baru possui cerca de 26% de teor de proteínas, mais do que o coco-da-bahia, a castanha do pará ou a de caju. Essa amêndoa pode ser saboreada por si só ou misturada a saladas e risotos para dar um crocante a mais. Processada, ela gera uma farinha que pode ser aproveitada na confeitaria, como em tortas, bolos e cookies. O baru é facilmente encontrado em grandes redes de supermercados.
  • Da palmeira do babaçu, tudo se aproveita, inclusive para artesanato, marcenaria e cosméticos, mas é na alimentação que o coco é mais valorizado: vira leite, azeite, óleo e farinha que podem ser base da alimentação diária de qualquer pessoa. Tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, é rica em fibras, portanto, ótima para combater prisão de ventre e obesidade. Os produtos derivados do babaçu também podem ser encontrados em grandes redes de supermercados.
  • A mangaba é rica em vitamina C, mais do que outras frutas mais ácidas. Pode ser consumida in natura ou como matéria-prima para produção de deliciosos produtos beneficiados como geleias, compotas, sorvetes, licores, vinho, entre outros. Neste Natal, como sugestão de sobremesa, o mousse de mangaba cai muito bem!
  • O jatobá é um patrimônio sagrado brasileiro, considerado por algumas etnias indígenas como uma planta de meditação. Sua farinha é bastante consumida, seja na forma natural ou em receitas de pães, biscoitos, bolos ou na tradicional receita natalina de rabanada.
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